tag:blogger.com,1999:blog-12237034884765674962024-02-07T06:10:04.300-08:00Claudia Mina - EscritoraClaudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-78362354501001769862015-08-01T23:31:00.000-07:002015-08-01T23:36:54.720-07:00Guia rápido de aplicativos de leitura Kindle<div style="text-align: justify;">
Olá, Pessoal! Este post é para tirar um pouco as dúvidas de quem ainda não tem o aplicativo de leitura Kindle. Talvez as pessoas tenham um certo receio de fazer compras de eBooks pela Amazon por não conhecerem o aplicativo e acharem que vai ser complicado e trabalhoso. A verdade, é que ler os eBooks após adquiri-los na Amazon é muito simples. Você não precisa ter um Kindle para ler, você pode baixar aplicativos para ler os eBooks no seu tablet, celular ou computador. A instalação é muito fácil. É preciso ter uma conta na Amazon, mas a inscrição não é diferente dos outros sites dos quais você precisa abrir uma conta, eu, pelo menos, não lembro de nenhuma complicação nessa hora. Tendo uma conta na Amazon, você já pode buscar o aplicativo. Eu lembro que não foi difícil achar, eles devem ter links em várias partes do site. Um dos locais que você pode encontrá-lo é na página de compra de um eBook. Como vocês podem ver na imagem a seguir (clique na imagem para ampliar), vai aparecer um link "Aplicativo de Leitura Kindle GRATUITOS".</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi87RRQqSl6PJZCjhmrVqWYXM0IYzgMcHtX7t5HVu28z2t70sIAGqY-T__UqLFItVrxRJ1G7rmrKR34XRVU5mf5XaLJq9Dw9UeVBvNnW7B5Wpjo2lLXfoSTLlMt8bEotbFE-Np6Yb58dHk/s1600/postamazon1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi87RRQqSl6PJZCjhmrVqWYXM0IYzgMcHtX7t5HVu28z2t70sIAGqY-T__UqLFItVrxRJ1G7rmrKR34XRVU5mf5XaLJq9Dw9UeVBvNnW7B5Wpjo2lLXfoSTLlMt8bEotbFE-Np6Yb58dHk/s400/postamazon1.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Na imagem seguinte, vocês podem ver o local do link ampliado:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWVIcri4P7TGBug40TamvnM-scKHruF-YN8QqIaLsTSbN57MAgpWSspa19Um96N_kr2iqM-j3Ovr0FDtkEfsEfED5I9-Y0J0oZx2ErMfv7bHOHD_lN862AyHZIvbvnHivGZUaq13XH40I/s1600/postamazon2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWVIcri4P7TGBug40TamvnM-scKHruF-YN8QqIaLsTSbN57MAgpWSspa19Um96N_kr2iqM-j3Ovr0FDtkEfsEfED5I9-Y0J0oZx2ErMfv7bHOHD_lN862AyHZIvbvnHivGZUaq13XH40I/s400/postamazon2.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Você vai ser direcionado para a seguinte página (clique na imagem para ampliar):<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgci5gZugcU2HRTcJikposkqYuoHaTmuJG8LFx_XTvz_GPgQW4WdrOAxk-ut-meyBdwHZhh0GRJQKJ-09NwjyNZoDugbbq6jrwPfghEODWBUMvmPNkd4Rprq5ZoOyTIg8ZzcivModXRQJk/s1600/postamazon3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgci5gZugcU2HRTcJikposkqYuoHaTmuJG8LFx_XTvz_GPgQW4WdrOAxk-ut-meyBdwHZhh0GRJQKJ-09NwjyNZoDugbbq6jrwPfghEODWBUMvmPNkd4Rprq5ZoOyTIg8ZzcivModXRQJk/s400/postamazon3.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como podem ver no local que grifei, vocês podem escolher baixar o aplicativo no seu smartphone, tablet ou computador. Eu fiz o download nos três, então eu tenho várias formas de ler os eBooks que adquiri. Como eles estão logados na minha conta da Amazon, minha biblioteca fica disponível para todos os aparelhos. Na imagem, vocês veem que tem como receber o link por e-mail, celular ou fazer o download do programa no seu computador. Como eu disse anteriormente, nunca tive nenhum problema com a instalação, é como se fosse qualquer outro aplicativo. Quando abrir seu leitor do Kindle, você vai fazer o login com a sua conta da Amazon e já pode aproveitar os livros digitais que comprar! Viu como é simples? Espero tê-los ajudado! Aproveito o finalzinho deste post para deixar o link da lista dos meus contos publicados na Amazon:</div>
<br />
<a href="http://www.amazon.com.br/s/ref=nb_sb_noss_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&url=search-alias%3Ddigital-text&field-keywords=claudia+mina" target="_blank">Contos de Claudia Mina na Amazon</a><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ0NqyqID-m_fXhbMNkhEC2DNXW_7P0InfiKGbdiQMPAWUqes-3bHLe7HhZcMTcVyWcU8072yRKnVpAJ_xvKazCBNRazAQ-P9hR54PylVufGahAv6dmiEVmuR-o5ne0VtRf360Fy47Jq8/s1600/contos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="145" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ0NqyqID-m_fXhbMNkhEC2DNXW_7P0InfiKGbdiQMPAWUqes-3bHLe7HhZcMTcVyWcU8072yRKnVpAJ_xvKazCBNRazAQ-P9hR54PylVufGahAv6dmiEVmuR-o5ne0VtRf360Fy47Jq8/s640/contos.jpg" width="640" /></a></div>
<br />Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-17267240773759461502015-05-18T18:19:00.002-07:002015-05-18T18:19:53.291-07:00Maravilhosas Distopias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAkCf8FOKaphr0eWsoyJ-5ALnxyGNYceDaFkklIcbx07LPZ0ZCLajD6mcEapFDio1e-pBZMKkr7WkMfYRlp2AINXPbGbpAL-gi-HvYa86eTKkyvgIdOjMu9uk87v374BUaPsHsOzymZAw/s1600/21798_479613182195885_6113166944479079738_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAkCf8FOKaphr0eWsoyJ-5ALnxyGNYceDaFkklIcbx07LPZ0ZCLajD6mcEapFDio1e-pBZMKkr7WkMfYRlp2AINXPbGbpAL-gi-HvYa86eTKkyvgIdOjMu9uk87v374BUaPsHsOzymZAw/s320/21798_479613182195885_6113166944479079738_n.jpg" width="247" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Pessoal, estou participando de uma antologia de universos distópicos. Vocês podem baixar o pdf com o livro inteiro, incluindo o meu conto <b>Lei do Mais Forte,</b> GRATUITAMENTE!</div>
<div>
Para baixar a antologia Maravilhosas Distopias, é só clicar no link:</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<a href="https://drive.google.com/file/d/0B0l7UWhBRCEaUjVmQURfTWtSZEE/view">MARAVILHOSAS DISTOPIAS</a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Qualquer problema com o link, avisem para que eu possa resolver. Espero que gostem!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-85214499667546618612014-09-03T22:55:00.005-07:002014-09-05T14:24:43.577-07:00Conto: Delírio em Grafite<div class="MsoNormal">
<b>Sinopse:</b> Jim
Calegari é um jovem ilustrador que está prestes a realizar o trabalho que
impulsionará sua carreira, porém, estranhos acontecimentos o fazem questionar o
que é real e o que é ilusão. No limite de sua sanidade, apenas um investigador
de polícia parece ser capaz de ajudá-lo a sair da armadilha da qual se
envolveu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Nota 1:</b> Eu
perguntei o que as pessoas do meu perfil do Facebook gostariam de ler e algumas
das respostas que tive foram: suspense, terror, policial, alteração da
realidade pelo medo, ilustrador criando seres que ganham vida e mitologia
japonesa. Procurei juntar um pouco de cada coisa e criei esta história, com
algumas adaptações. Não sei ao certo se pode ser considerada uma história de
terror. Eu quis desenvolver o conto de uma maneira que os elementos não fossem
tão grotescos, mas um pouco mais sutis. Eu posso criar algumas histórias mais
“pesadas”, mas estou optando por não fazê-lo. O intuito aqui não é chocar com
imagens fortes e sim levar o leitor a um mundo estranho e enigmático. É mais
uma questão do estilo próprio que estou desenvolvendo, espero que entendam e
possam se divertir com a história mesmo assim. Muito obrigada a todos que colaboraram com o meu post!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Nota 2:</b> O título
foi escolhido por votação no Facebook.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Notas 3:</b>
Personagens usam linguagem informal, portanto, decidi não seguir todas as
regras gramaticais em diálogos. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Delírio em Grafite<o:p></o:p></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Por Claudia Mina<o:p></o:p></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“...................................................”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“.............................................Jim.”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Jim abriu os olhos e, mesmo acordado, sentia como se
estivesse num sonho. Parecia que havia uma voz que o chamava. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um tanto desorientado, o rapaz levantou-se desajeitadamente
da cama. Havia uma claridade incomum no quarto e Jim notou que havia deixado a
luminária de sua mesa de trabalho acesa. O jovem caminhou até o local no
intuito de apagar a luz e sua atenção se voltou a uma folha de papel em branco.
Jim não se lembrava de tê-la deixado ali. Movido por uma força que o jovem
ilustrador não compreendia, ele sentou-se na cadeira em frente à mesa, pegou um
lápis e começou a esboçar formas de maneira solta. Não tinha nada em mente,
apenas deixou sua mão guiá-lo por traços que aos poucos foram ganhando vida. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pouco tempo antes da alvorada, ele havia terminado o
desenho, e foi com surpresa que finalmente analisou o resultado do seu trabalho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Acho que esse é o melhor que já fiz – Jim disse a si
mesmo, ainda espantado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No papel estava uma figura de extrema beleza, uma deusa de
cabelos longos e brancos, com refinadas vestes que se moviam com o vento e
cobriam boa parte do espaço da folha. Assemelhava-se com uma daquelas
ilustrações japonesas antigas, mas com traços marcantes do estilo próprio do
ilustrador. Jim Calegari fazia seu trabalho misturando técnicas tradicionais de
desenho e pintura, com as novas tecnologias digitais. O ilustrador achou o
resultado curioso, bem diferente do trabalho que estava fazendo para o seu
atual cliente. Pensava em como finalizar aquela ilustração, mas ela já parecia
gloriosa do jeito que estava. Resolveu deixá-la daquele jeito. Ele precisava
ter mais algumas horas de sono para poder trabalhar em um importante projeto
que seria a porta de entrada para trabalhos ainda maiores. Parecia que
finalmente seus anos de estudo e dedicação estavam prestes a dar-lhe frutos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No dia seguinte, Jim acordou impressionantemente bem, apesar
das poucas horas de sono. Levantou e foi fazer o café como sempre fazia. A
comida, apesar de simples, parecia-lhe muito saborosa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao se arrumar para sair, Jim podia sentir um cheiro
agradável no ar, algo que ele não conseguia identificar o que era ou de onde
vinha, era um aroma do qual ele nunca se lembrava de ter sentido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando fechou a porta e pisou no pequeno quintal em frente a
sua casa, notou que havia pétalas de flores espalhadas pelo chão. Estranhou
aquilo, pois não tinha flores e nem os vizinhos mais próximos as tinham. Aquelas
pétalas deviam ter viajado muito com o vento ou alguém as havia jogado em seu
quintal. De qualquer forma, não era algo que o atrapalhasse tanto, mais tarde o
ilustrador as tiraria de lá, embora ele não sentisse tanta necessidade. Elas
eram diferentes, não pareciam com nenhuma flor que ele conhecesse e eram muito
bonitas. Com o vento, elas se moviam em ondulações pelo chão e subiam levemente
para depois cair delicadamente. Jim se viu estranhamente hipnotizado por elas
e, por um breve momento, teve dificuldade de sair de seu transe e continuar com
os afazeres do seu dia, até finalmente conseguir desviar seus olhos das
curiosas pétalas e sair.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Já era tarde quando voltou para casa. Jim tivera um dia
excelente, tudo se deu melhor do que ele esperava. O ilustrador sabia que devia aproveitar um
pouco de seu tempo naquele final de dia para trabalhar no seu projeto, mas o
que ele realmente queria era voltar na ilustração que havia feito na noite
passada. Comeu alguma coisa apressadamente e, logo que pôde, sentou-se à sua
mesa de trabalho. Admirou por um momento o que fizera e, de repente, colocou
uma nova folha em branco na mesa. Sem parar, ele começou a preencher o espaço
com traços e mais traços, até notar que havia desenhado aquela sua deusa do dia
anterior. No entanto, havia mais espaço na folha, que ele começou a preencher
como se estivesse em transe.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Horas depois, quando finalmente parou para olhar seu
trabalho, ficou surpreso ao notar que além de ter preenchido aquela primeira
folha, muitas outras haviam sido usadas. Sem se dar conta, ele começara um tipo
de história. Na primeira folha havia aquela deusa de cabelos brancos que ele já
havia desenhado antes, mas ao lado dela havia outro ser. A criatura se
assemelhava à primeira em complexidade e traços do mesmo exotismo fascinante,
mas em vez de cabelos brancos, tinha longos cabelos pretos com reflexos arroxeados,
vestes escuras e olhos de um azul profundo. Parecia ser algum tipo de entidade
superior pelo seu porte e seus trajes, provavelmente outro deus. No entanto, o
novo ser não transmitia o mesmo sentimento sublime de paz que a entidade
feminina emanava, ao olhá-lo, Jim sentiu-se mal, sua cabeça começou a latejar e
ele começou a escutar um irritante zumbido que ele não sabia de onde vinha. Sua
respiração ficou entrecortada e o rapaz foi tomado por uma espécie de
ansiedade, uma espécie de tormento. Mesmo assim, ele não conseguia desgrudar
seu olhar dos desenhos.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como se em transe, acompanhou o seguimento da história que
havia criado. Na segunda folha, os dois deuses pareciam discutir; na próxima
folha, eles estavam no meio de uma briga violenta; na quarta e última folha, o
deus obscuro se sobrepunha à deusa e esmagava seu pescoço. Logo após ver a
última cena, Jim deixou a folha escapar de suas mãos. Estava abatido e assustado;
suor escorria pela sua pele e seu corpo tremia. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim tentou respirar fundo e foi com dificuldade que
conseguiu se acalmar. Foi até a cozinha e encheu um copo de água. Quando foi
levá-lo à boca, porém, não era mais água que via, mas um espesso líquido
avermelhado que se assemelhava a sangue. Assustado, Jim largou o copo e viu o
vidro se estraçalhar no chão. Porém, não havia sangue nenhum no piso, apenas
água. Atordoado, Jim resolveu procurar um calmante, deitou-se na cama e caiu no
sono.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando acordou, Jim sentia-se muito mal. A noite inteira
teve pesadelos sobre os desenhos; via o deus maligno estraçalhar o corpo da
deusa das formas mais variadas. Não entedia por que os desenhos o abalavam
tanto. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Decidido a por um fim naquele episódio e esquecer tudo
aquilo, Jim pôs-se às suas atividades diárias. Apesar disso, parecia que ele
estava destinado a ter um dia muito ruim. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ele começou com um café da manhã sem gosto. Depois tentou
trabalhar no projeto para o seu cliente importante, mas parecia que o trabalho
não rendia e a qualidade estava bem abaixo do que ele estava acostumado. No
final da tarde, ele havia desistido. Para não ter o dia perdido, resolveu que
apenas relaxaria à noite, faria um bom jantar, abriria uma garrafa de vinho e
escutaria uma boa música para relaxar. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim saiu de casa e foi até o açougue, decidiu comprar um bom
corte de carne de primeira e voltou para preparar o seu jantar. Já na
cozinha, foi pegando os utensílios e temperos, mas teve que parar um momento, pois
começou a sentir um cheiro muito estranho. Rapidamente, o odor se alastrou pela
cozinha toda e Jim mal podia respirar. Parecia que havia algo estragado. O
jovem tentou localizar a fonte do cheiro e chegou à conclusão de que ele vinha
do pacote de carne. Ao abri-lo, arrependeu-se de fazê-lo. Um odor ainda mais
forte de comida apodrecida se espalhou pelo ambiente, e não era só isso que
desagradou o jovem, várias larvas brancas rastejavam pela carne. O primeiro
pensamento de Jim foi jogar o pacote fora, mas logo mudou de ideia. Furioso,
Jim saiu de casa e levou a carne estragada de volta ao açougue. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O lugar já estava deserto e o dono estava prestes a fechar o
estabelecimento.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O senhor não tem vergonha de me vender carne podre?! – Jim
esbravejou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Como é que é? – o velho açougueiro não entendia a
acusação.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Olha essa carne – Jim colocou o pacote na bancada.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O açougueiro abriu o pacote, ressabiado, deu uma olhada, e
voltou a encarar o jovem com ar de reprovação – Não há nada de errado com essa
carne.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Como não? – Jim abriu o pacote com violência e revelou o
que continha.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Vê, não tem nada de errado – o açougueiro disse.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A carne parecia saudável. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não pode ser... Eu vi larvas e tudo mais nela – Jim
revirou a carne com os dedos, mas por todos os lados ela parecia completamente
normal. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Rapaz, eu estou cansado, você vai ficar aqui me fazendo
perder tempo?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim não entendia o que estava acontecendo, ele havia visto
claramente o estado da carne quando estava em casa. – O senhor me desculpe,
acho que não estou bem. – Deixando a carne lá mesmo no açougue, o ilustrador
voltou para casa. Chegando, resolveu que não comeria nada e foi para a cama
mais cedo.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim acordou assustado no meio da noite, tivera sonhos
estranhos mais uma vez. Quando se deu conta, não estava na cama como esperava,
e sim, debruçado em sua mesa de trabalho. Estranhamente, percebeu que havia
feito novos desenhos... enquanto dormia.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não é possível...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O jovem nunca desconfiou de sonambulismo, mas estavam lá no
papel, coisas que ele nem se lembrava de ter feito. Decidiu se afastar do
local. Não entendia o porquê de estar tão transtornado naquele dia.<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tentou refletir no que havia acontecido na sua vida nos
últimos tempos, mas nada justificava uma mudança tão repentina de seu humor.
Sem saber o que fazer, voltou para a cama para dormir. Quem sabe aquele havia
sido apenas um dia atípico, o próximo com certeza seria melhor.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim acordou com a boca seca e uma sensação de pavor. Sentia
muito frio, embora o termômetro do relógio digital indicasse temperatura
agradável. O jovem levantou-se da cama e preparou-se para sair. Aquele seria um
dia importante, ele teria uma reunião na empresa do seu cliente e mostraria o
andamento de seu trabalho. Enquanto arrumava o material para a apresentação,
Jim não pôde deixar de reparar que o ar ganhara um cheiro extremamente ruim. O
ilustrador procurou a fonte de tal odor putrefato, mas não conseguiu achar de
onde ele vinha. Quando viu que já estava ficando tarde, desistiu de procurar,
pegou suas coisas e saiu. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando estava nas ruas, reparou que havia uma incomum
comoção nas vizinhanças. Algumas viaturas policiais bloqueavam uma rua próxima
e uma multidão estava no local.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O que está acontecendo? – Jim perguntou a um conhecido,
por curiosidade.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Uma coisa feia, encontraram o seu Ezequiel morto. Dizem
que levou tanta facada que estava irreconhecível. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim sentiu um frio na espinha. Lembrou-se da discussão que
tiveram na noite anterior e se sentiu culpado. Afinal de contas, o velho
açougueiro não tinha feito nada. O ilustrador, porém, não tinha nada a ver com
a morte e não podia fazer nada a respeito. Ainda tinha coisas importantes para
fazer, então seguiu em seu caminho.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No final da tarde, Jim voltava da reunião. Não havia ocorrido
nenhum imprevisto. Tudo certo, o cliente estava gostando do andamento do
trabalho, ele só precisava voltar para a casa e continuar com o projeto. Quando
estava alcançando o portão, porém, sentiu uma forte corrente de água atingi-lo
em cheio.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ai, moço, você me desculpe! – disse sua vizinha com uma
expressão de culpa no rosto e uma mangueira na mão.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não foi nada... – Jim tentou acalmar a velha senhora.
Havia sido apenas água... No entanto, ele percebeu que a pasta que levava com
seus trabalhos também havia sido atingida. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você está bem? – a senhora perguntou quando viu o olhar de
aflição no rosto do rapaz.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim não respondeu e apenas entrou correndo em sua casa.
Quando abriu a pasta, viu que a água havia se infiltrado pelas frestas e
molhado parte do seu trabalho. Ele começou a separar as folhas e analisar o
estrago, e foi com alívio que viu que não estava tudo perdido. Aparentemente,
apenas as bordas haviam sido molhadas e quando elas secassem, ele poderia
aproveitar o resto do desenho. Felizmente, não era seu trabalho finalizado, era
somente o esboço. Curiosamente, alguns respingos de água haviam atingido
algumas partes do meio das folhas, nos rostos das pessoas, dando a impressão de
que elas haviam chorado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Cuidadosamente, Jim pendurou as folhas para secarem em um
varal improvisado na sala e preparou seu jantar normalmente. Não houve nenhum
imprevisto até o fim do dia, e o jovem ilustrador foi dormir com a certeza de
que o que o que havia acontecido anteriormente, foi apenas um corriqueiro dia
ruim.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim acordou com batidas na porta. Ainda sonolento, caminhou
até a entrada da casa e foi ver quem era a pessoa que batia tão insistentemente.
Era um homem de cabelos castanhos curtos, que aparentava ter 35 anos, vestido
com um sobretudo marrom sobre um terno preto.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Bom dia, meu nome é Rick Cambiaso, sou investigador de
policia. Posso fazer algumas perguntas?<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O ilustrador logo se lembrou do açougueiro que havia morrido
e uma estranha sensação de desconforto surgiu. Como não tinha nada a ver com o
caso, também não tinha nada a temer - ele quis acreditar. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você quer entrar? – Jim reparou que havia vários policiais
e viaturas em sua rua.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não precisa, mas se você tiver uma xícara de café, eu
aceito – o investigador sorriu.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim deixou o homem entrar em sua casa e foi preparar o café.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você não está curioso? – perguntou Rick.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu? – Jim perguntou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Em saber por que eu estou aqui – o investigador perguntou
de modo descontraído, mas o ilustrador sentia algo mais na pergunta.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ah, sim, o que está acontecendo? – Jim perguntou
calmamente. - Eu vi um monte de gente lá fora. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sua vizinha aqui do lado, a dona Rosa, foi encontrada
morta.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aquilo realmente surpreendeu o ilustrador. – Como foi isso?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Parece que o filho deu uma passada hoje de manhã e já
encontrou ela sem vida.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- E não foi morte natural? – Jim podia dizer pela comoção
causada.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu duvido – Rick disse. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim passou a xícara de café para o investigador.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Por acaso, você não ouviu nada de estranho esta noite? –
Rick perguntou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não ouvi nada.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Nada suspeito?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Parecia tudo normal quando eu cheguei, eu a vi lavando o
quintal e depois entrei em casa. Não vi nem ouvi nada de estranho depois. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você desenha? – Rick perguntou ao ver as folhas penduradas
perto das janelas.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu sou ilustrador.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ah – Foi apenas o que Rick disse antes de terminar o café.
– Se você se lembrar de algo – O investigador entregou um cartão. – Qualquer
coisa, não se esqueça de me ligar. – Rick foi até a porta. – Ah, e obrigado
pelo café – disse antes de fechar a porta e sair. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim estava tendo um sono agitado. Mais uma vez via imagens
sangrentas. Ora elas eram rápidas e confusas, ora eram lentas e detalhadas. Em
seu pesadelo, Jim pôde ver com detalhes o corpo do açougueiro ser esfaqueado várias
vezes no estômago, até sua pele se romper, derramando suas vísceras no chão do
açougue. Jim também pôde ver a sua vizinha deitada em sua cama, estrangulada
até a morte, até sua face paralisar em uma expressão de puro horror. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- <i>“..................................................Jim.”</i>
– uma voz o chamava.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Lentamente, o jovem abriu seus olhos e viu que a luminária
de sua mesa de trabalho estava mais uma vez acesa. Sabendo que não conseguiria
dormir até ver o que era, o ilustrador caminhou até o local e sentou-se. Pegou
o primeiro lápis que viu pela frente e começou a rabiscar uma folha em branco.
Quando se deu conta, havia terminado. Mais uma vez aquele deus de cabelos
arroxeados estava no papel. De repente, algumas palavras surgiram em um espaço
de folha que antes estava em branco, tornando-se mais e mais escuras, até que
Jim pôde ler o que estava escrito.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Não era isso que você
queria?”</i> Era como se o deus perguntasse.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Isso o quê? – Jim perguntou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Apenas uma risada foi ouvida, algo que parecia que não havia
sido no quarto, mas dentro da mente do rapaz. Jim respirou fundo e apagou a
luminária, voltou para a cama e deitou-se sem mais nenhuma pergunta.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No dia seguinte, Jim acordou normalmente e tomou seu café da
manhã. Parecia que tudo havia finalmente voltado ao normal. No final da manhã,
começou a trabalhar no seu projeto, e continuou assim até o começo da tarde,
quando foi interrompido por uma ligação. Jim atendeu o celular e não acreditou
nas palavras que ouviu.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Como assim vocês estão cancelando o projeto? – Jim não
podia entender, tudo estava indo bem, o cliente havia gostado da ideia. Como
era possível que eles simplesmente estavam desistindo de algo que estava sendo
planejado há tanto tempo. – E todo o trabalho que eu fiz até agora?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O jovem não acreditava que havia perdido uma chance
daquelas. Se tudo tivesse dado certo, seu trabalho receberia grande
visibilidade e finalmente ele poderia ter seu nome consagrado. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não demorou muito para que Jim pegasse suas coisas e saísse,
ele precisava de uma boa explicação para tudo aquilo. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O jovem voltou para casa abalado, foi à empresa e tentou
conversar, entender melhor os motivos e quem sabe entrar em um melhor acordo, mas
a recepção calorosa de outrora deu lugar a frias desculpas.<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Jim estava convencido a abrir a garrafa de Uísque que estava
guardada e afogar suas mágoas na bebida, não sabia mais o que fazer para
esquecer. Quando foi pegar a garrafa na cozinha, porém, notou um estranho som.
O jovem voltou para a sala e viu que a TV estava acesa. Jim não se lembrava de
tê-la ligado. Sua atenção se voltou para o programa que passava. Era um
noticiário, parecia que havia algo acontecendo no momento. Havia uma repórter
relatando que estava no local de um grave acidente de trânsito. Um carro
desgovernado havia atingido um homem. A repórter relatava que haviam acabado de
identificar a vítima. Jim conhecia bem quem era... Havia se encontrado com ele
naquele mesmo dia. Era seu ex-cliente, Oliver Marshall. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Logo após a notícia o rapaz sentiu seu estômago se revirar e
correu para o banheiro. Ele abriu a tampa da privada e começou a vomitar. O que
ele via sair de sua boca, porém, era bem diferente do que ele podia imaginar.
Era como se estivesse vomitando um pó acinzentado, que ele identificou como
grafite. Quando finalmente conseguiu parar, horrorizado, percebeu que não havia
nada além de água na privada. Ele havia imaginado tudo aquilo. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Lentamente sua pressão foi voltando ao normal e os tremores
que estava tendo enquanto passava mal cessaram. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim juntou suas forças e voltou para a sala. A TV estava
desligada. Teria ele imaginado tudo aquilo? O jovem estava realmente
questionando sua sanidade. Ele não entendia. Nada daquilo fazia sentido. O
ilustrador nunca em sua vida tivera episódios como aqueles. Procurando se
acalmar, resolveu não tomar o Uísque. Tentou comer algo saudável no jantar e
foi dormir cedo. Tomou um calmante e logo depois se viu cair no sono.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O jovem escutava um som leve e continuo e, ainda com os
olhos fechados, tentava descobrir o que era. Foi quando algo molhado caiu em
sua face que ele finalmente se viu totalmente acordado. Havia sido alguma coisa,
como uma gota, mas o jovem tinha certeza que não havia goteiras no seu quarto.
Quando olhou para o teto, não viu nada, porém, quando olhou para o colchão, viu
que havia uma pequena poça de um líquido vermelho. De tempos em tempos uma
gotinha caía e se acumulava numa dobra de seu lençol. Jim mais uma vez olhou
para cima e não viu sinal nenhum de rachadura ou buraco, ficou perplexo ao
notar que, mesmo assim, as gotas vermelhas continuavam caindo. Ele tocou o
líquido com curiosidade e viu que seu dedo se tingia de vermelho. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O que é isso? - ele perguntou, mais para si mesmo.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Isso é sangue” </i>–
uma voz respondeu.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim quase deu um pulo ao ouvir aquilo. Era a mesma voz que
ele havia escutado na noite anterior, mas dessa vez ela parecia ressoar por
todo o quarto. O jovem se encolheu num canto da cama e olhou ao redor, não
parecia ter nada nem ninguém... mas então de onde viria aquela voz?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Você sabe”.<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Jim começou a tremer e a suar frio, aquela voz parecia muito
real para ser imaginação. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Não tenha medo. Só
fiz o que foi melhor para você.”</i><o:p></o:p><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
- Fez o quê? – Jim não sabia de onde tirou forças para
perguntar.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Você sabe.”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
- Você matou aquelas pessoas?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nenhuma resposta. Jim, porém, sabia onde procurá-las. Tomado
por uma coragem momentânea, o jovem foi até sua mesa de trabalho e começou a
desenhar. Foi então que viu sua própria mão colocar no papel as imagens que
apenas havia visto em seu sonho. Viu o açougueiro esfaqueado e a vizinha
estrangulada. No entanto, também viu uma imagem que era nova. Viu o corpo do
seu cliente ser feito em pedaços pelo veículo que o atingiu. E tudo se tornava mais
vívido com os pingos de sangue que caiam sobre as folhas enquanto Jim
desenhava.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Quem é você? – Jim logo se viu traçando as formas do deus
que havia criado.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Eu sou o deus da
destruição e do caos.”</i> As palavras surgiram no papel.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Por que está fazendo isso? – Jim perguntou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mais uma vez, palavras começaram a surgir.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Por que você quis.”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não queria que nenhum deles morresse!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Não queria?”</i>- Um
riso ressoou pelo quarto.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu juro que não queria!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Nem aquele seu
cliente que dispensou você?”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
- Nem ele! Por que eu iria querer isso?!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Não se sente mais
aliviado? Agora você terá mais tempo de se dedicar só a minha história. Eu
prometo a você, quando tudo estiver terminado, você será reconhecido
mundialmente.”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não acredito nas suas promessas! E sabe de uma coisa? –
Jim estava tomado por um momento de revolta e juntou toda a sua coragem para a
ideia genial que veio em sua mente. – Eu criei você, agora posso me desfazer de
você! – Jim pegou uma borracha e começou a apagar ferozmente a folha de papel.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Você não vai
conseguir.”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Jim via a face do deus desfigurada pelos golpes de sua
borracha. – É o que você pensa! – Num outro momento de desespero e bravura, Jim
pegou um isqueiro e segurou o papel. – Adeus.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A folha começou a queimar, a diminuir e se transformar em cinzas.
Uma a uma, elas foram sendo queimadas. Jim ainda titubeou ao ver seu primeiro
desenho da série, a deusa de luz que havia criado, mas mesmo assim, ateou fogo
em sua obra mais bonita. Ao final, Jim se sentia aliviado. Acreditava que
finalmente havia dado um fim naquilo tudo. Foi quando escutou aquele riso mais
uma vez e se viu de repente na cama. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Era como se Jim tivesse despertado de um vívido sonho,
embora ele tivesse certeza de que tudo o que passara havia ocorrido. Mais uma
vez, ele levantou e caminhou até sua mesa de trabalho. Os desenhos estavam
todos lá.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim levou suas mãos aos cabelos e os puxou em nervosismo,
dando um grito de frustração. Decidido a por um fim naquilo mais uma vez, ele
pegou as folhas com as ilustrações e tentou rasgá-las, porém, antes que ele
cumprisse seu intento, uma força o obrigou a soltá-las e ele foi derrubado no
chão. Ainda desnorteado, sentiu que seu quarto começava a tremer. Jim procurou
algo para segurar, mas não conseguiu, era sempre puxado de volta para o centro
do quarto. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Paredes, teto e chão chacoalhavam como em um terremoto e um
pó acinzentado começou a se materializar no ar. As partículas finas começaram a
subir pelas paredes, até formarem desenhos na superfície branca. Jim pôde ver
algumas curvas se formarem e então o contorno de serpentes se tornando cada vez
mais claro. Os desenhos rastejavam pelas paredes como se estivessem vivos, e
foram ganhando mais e mais definição, até elas se soltarem da superfície lisa.
Jim estava cercado por cabeças de serpente que o rodeavam, espreitando-o com
olhos maliciosos e mandíbulas abertas.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Você ainda ousa me
desafiar?”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Jim ouviu a voz retumbante do deus do caos.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você não existe! Seu poder é apenas uma ilusão! – Jim o
desafiou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“Tem certeza?”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
As serpentes chegaram mais e mais perto, balançando seus
corpos como se quisessem hipnotizar sua vitima antes do bote. Então o quarto
começou a tremer mais e mais e uma chuva de grafite caiu sobre ele. Jim podia
sentir os finos grãos em contato com sua pele, como se eles fossem mesmo reais.
Ele os esfregou em seus dedos e viu suas digitais serem tingidas pelo pó
cinzento. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É real.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foi então que uma das serpentes parou de se mover por um
breve momento, até jogar seu corpo gigantesco na direção do ilustrador. Jim
conseguiu se desviar por pouco, rolando seu corpo pelo chão. Sua cabeça acabou
batendo em uma mesa com o movimento; o baque, além de causar-lhe uma pontada de
dor, fez com que alguns objetos que estavam em cima da superfície de madeira
caíssem no chão. Quando Jim se deu conta, um desses objetos era seu celular e
outro o cartão de visitas que o investigador da policia havia dado. Pedir
socorro não parecia uma ideia tão ruim naquele momento e apressadamente o
ilustrador discou o número do cartão. A chamada demorou a ser atendida, mas
após a segunda tentativa uma voz sonolenta atendeu.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- <i>É bom ser algo
importante</i> – disse o investigador no outro lado da linha.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O assassino da senhora Carbone está aqui – foi a última
coisa que Jim teve tempo de dizer antes que uma das cabeças da serpente o
atingisse em cheio com sua mordida.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-Ei.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim escutava uma voz.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você está me ouvindo?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O ilustrador finalmente recuperou os sentidos e deu de cara
com o investigador da polícia.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu já ia pegar um balde de água para jogar em você. Precisa
de ajuda? – Rick estendeu-lhe a mão.<br />
<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Jim decidiu aceitar a ajuda para levantar. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O que aconteceu por aqui? – Rick perguntou. – Parece que
houve algum tipo de briga. – O quarto estava todo em desalinho, com objetos
jogados ao chão e móveis fora do lugar. – Só que não vi sinal algum de outra
pessoa ou de arrombamento, você poderia me explicar?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim sentia sua cabeça latejar. Fora a desordem do quarto,
tudo parecia ter voltado ao normal. Não havia desenho nenhum nas paredes. Ele
não sabia como explicar a situação.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Quando você chegou... – Jim começou. – Não havia nada de
anormal?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Fora a bagunça, nada.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não sei como dizer isso, mas sei quem foi responsável
pela morte da dona Rosa, e sei quem foi o responsável pela morte de mais outras
duas pessoas pelo menos.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rick arqueou uma sobrancelha. – É mesmo? Então diga.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Só que você não vai acreditar – Jim desabafou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Durante toda a minha carreira eu vi coisas inacreditáveis.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu criei um monstro.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Um monstro? Que tipo de monstro?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Aquele desenhado naquelas folhas de papel. – Jim apontou
para a sua mesa de trabalho.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Desconfiado, Rick caminhou até o local e verificou cada
folha. – Não vejo nada de mais aqui.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim foi até sua mesa. – Espera um momento... Isso não estava assim antes. – Jim notou que o
deus continuava ali, mas as palavras que surgiram no papel enquanto ele falava
haviam sumido. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rick pôs a mão no ombro de Jim. – Há alguma outra coisa que
você quer me falar, você precisa de alguma outra ajuda...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Como assim? – Jim perguntou sem entender.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você tem família ou amigos a quem possa recorrer?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Tenho.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você é dependente de algum tipo...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não uso drogas, eu só bebo muito de vez em quando – Jim
estava ficando nervoso.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu vi alguns calmantes...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu quase nunca tomo eles... – Jim tentava se explicar. - Você
revistou minha casa?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você me chamou dizendo que o assassino estava aqui. Eu fiz
uma revista.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você deve achar que sou louco agora...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Todos nós temos algum tipo de problema... Se quiser, tem
um amigo que pode conversar com você, talvez seja bom se consultar com ele,
dizem que ele é um ótimo psiquiatra.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você está dizendo que eu sou louco?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rick ficou olhando para o rapaz mais jovem por um momento,
até finalmente dizer. – Como eu disse, é normal que algumas pessoas tenham
algum... problema.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim segurou os ombros de Rick e o encarou. – Eu não sou
louco, entende? Eu não sou.<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu acredito, mas talvez você precise de ajuda.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu preciso de ajuda, mas para por um fim em todas essas
mortes!<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Mais de uma, você disse.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim, mais de uma.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Conte sua história. – Rick olhou para as horas em seu
celular. – São 5h20 da manhã agora e acho que não tenho nenhum lugar para ir no
momento... Eu só gostaria de pedir uma xícara de café...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Resumindo a história, você quer dizer que seu desenho
ganhou vida e está saindo por aí mantando pessoas? – o investigador perguntou
com tranquilidade.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você não acredita, não é?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você vai concordar comigo que é uma história difícil de
acreditar...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não devia ter contado para você. Mais do que nunca,
agora você deve achar que eu sou doente.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu quero acreditar em você, mas você não está tornando as
coisas fáceis para mim...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foi então, que Jim teve uma ideia. – Você poderia ficar uma
noite aqui, ver com seus próprios olhos. Essa... coisa que eu criei precisa ser
parada. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- E você quer que eu traga reforços policiais?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Se possível... – Jim olhou bem para a cara do
investigador. – Mas você não vai fazer isso... É claro que não...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Já enfrentei coisas muito piores, acho que eu dou conta de
alguns desenhos.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você não está levando isso a sério... mas tudo bem, eu
entendo.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Pode deixar, eu volto aqui hoje à noite. – Rick deus uns
tapinhas amigáveis nas costas de Jim. – Não se preocupe, resolvemos isso hoje.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim havia passado o dia fora, não suportaria a ideia de
permanecer em sua casa sozinho. Tentou passar seu tempo relaxando. Foi a um
museu ver uma nova exposição, depois foi ao cinema e, por fim, passou em um
mercado para comprar algumas coisas para passar a noite. Tudo correra bem e sem
imprevistos e Jim quase se esqueceu das coisas estranhas que estavam
acontecendo. Quando se aproximava de sua casa, porém, começou a sofrer de
ansiedade. Seus músculos ficavam mais tensos a cada passo e ele começou a suar
frio. Para seu alívio, Rick estava esperando do lado de fora do seu portão.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Faz muito tempo que você está aqui?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Um pouco – Rick deu de ombros.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim abriu o portão de sua casa e deixou o investigador
entrar. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu trouxe um macarrão do supermercado, tá a fim de comer?
Eu posso pedir uma pizza também.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Qualquer coisa – Rick disse enquanto se sentava à mesa da
cozinha.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim pegou os pratos e deixou o macarrão na mesa.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Tem cerveja? – Rick perguntou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Tem. – Jim abriu a geladeira e pegou duas latas. – Tem
mais aqui se quiser.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Pode deixar – Rick disse ao se servir. – Tem queijo
também?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Acho que tem – Jim deu uma procurada em sua cozinha por parmesão
ralado e encontrou um pacote.<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Rick pegou o queijo e polvilhou seu macarrão com ele.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim sentou-se e se serviu.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu queria agradecer por você ter concordado em ficar aqui.
Eu sei que...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não precisa dizer nada – Rick disse enquanto continuava
comendo normalmente. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Após o jantar, os dois já estavam preparados para enfrentar
o que a noite os reservava. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Pode ficar com a cama – Jim disse quando entraram no
quarto.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não precisa, vou ficar na poltrona assistindo o jogo, se
não se importar.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Pode ficar.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rick pegou o controle remoto, sentou-se na poltrona e
acendeu a televisão. – Tem como pegar uma cerveja para mim?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim foi até a cozinha e voltou com duas latas de cerveja. –
Se quiser mais pode pegar lá. – Ele viu que Rick já estava entretido no jogo.
Sem saber o que fazer, Jim resolveu ligar seu computador e ficar vendo coisas
aleatórias na internet. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As horas se passaram e quando Jim notou, já era mais de
meia-noite. O jogo havia acabado e Rick estava dormindo na poltrona. Ele
continuou por mais uma hora na internet, mas viu que o sono estava vindo. Após
um longo bocejo, ele desligou o computador e foi até a cama. Resolveu deixar
apenas a luminária de sua mesa de trabalho acesa e desligou as outras.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aparentemente, sua criatura maligna não estava a fim de
aparecer naquela noite. Quando estava prestes a dormir, porém, começou a
escutar um barulho, um leve ruído. Abriu seus olhos lentamente e procurou pela
fonte daquele estranho som. Viu que algo parecia estar brotando das folhas de
papel na mesa. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A princípio, não dava para definir direito o que era, mas
depois conseguiu ver que pequenas partículas de grafite estavam saltitando e
ganhando forma. Quando percebeu isso, todos os seus instintos de alerta foram
despertados.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Acorda, Rick – Jim chamou, mas o investigador continuava
dormindo. – Rick! – o ilustrador chamou mais uma vez.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim saltou da cama e correu na direção do investigador,
porém, algo o impediu. A criatura maligna começou a sair das
folhas, como se estivesse emergindo após um mergulho; seu tamanho aumentava à
medida que ele saia. Quando estava finalmente livre, caminhou até o meio do
quarto, envolto de um turbilhão de grafite. Fora do limite do papel, o ser
maligno tinha um tamanho impressionante. Parecia ter mais de 2 metros e meio.
Ainda parecia com uma ilustração viva, o mesmo estilo de pintura oriental, os
mesmos traços. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>- “Você pensou que
estava livre de mim?”</i> – a criatura disse com sua voz sobrenatural,
melodiosa e enigmática, que ressoava por todo o quarto.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim, estupefato, viu-se frente a frente com sua criação. Os
olhos sobrenaturais olhavam fixamente para ele. Em seguida, Jim viu o ser
maligno se voltar a Rick e levantá-lo pelo pescoço com apenas uma das mãos, como
se o investigador não tivesse peso algum.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Por favor, não faça nada com ele! Ele não fez nada!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O deus do caos levou o corpo suspenso no ar e empurrou a
cabeça do investigador contra a parede; o som do baque gerou um pavoroso estrondo.
<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Por favor, pare! – Jim assistia à cena horrorizado. O ser
continuava golpeando a cabeça do investigador contra a parede, até a pele e o
crânio começarem a ceder. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando o deus do caos finalmente terminou, a parede estava
tingida de sangue e pedaços de cérebro. A cabeça do investigador estava
irreconhecível, completamente esmagada. O deus largou o corpo no chão e se
voltou novamente para o ilustrador. – <i>“Agora,
o que farei com você?”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim acordou com um grito. Olhou ao redor, assustado, e viu
que estava deitado no chão.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Parece que não dormiu bem... – disse uma voz conhecida. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O ilustrador ficou aliviado ao perceber que Rick ainda
estava vivo. Jim começou a rir – Você não sabe como eu fico feliz em ver você!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É mesmo? – Rick perguntou, havia algo de diferente na
expressão do investigador.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Antes que Jim pudesse responder, alguns homens da polícia
entraram no quarto.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Podem prendê-lo – Rick deu a instrução.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas o que está havendo? –Jim se viu algemado e levado para
fora de sua casa. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você tem o direito de permanecer calado. Tudo o que disser
poderá ser usado contra você – Rick deu uma risada zombeteira. – Não é algo
assim que dizem nos filmes? Acho que é isso.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não fiz nada! – Jim protestou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Todos dizem a mesma coisa. - Rick colocou as mãos nos
ombros do ilustrador e olhou para ele. – Quer um conselho? Não diga mais nada.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim tentava entender o que acontecera. Ele sabia que havia
agido de maneira suspeita, mas não havia nada que o incriminasse, ele não havia
feito nada. Em dado momento, ele viu o guarda abrir o portão de sua cela e teve
esperanças de que o engano tivesse sido esclarecido. Ele andou pelos corredores
da delegacia e foi levado a uma sala, onde encontrou Rick sentado atrás de uma
mesa de escritório.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Por favor, sente-se – Rick disse após dar um gole em seu
café.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você não vai mandar me soltar? – Jim levantou os braços e
mostrou as algemas.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você promete cooperar?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim balançou a cabeça de maneira afirmativa.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rick fez um gesto para o policial, que retirou as algemas. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Diga que isso não é verdade, que não passou de um mal
entendido... – Jim ainda tinha esperanças.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sabe de uma coisa? – O investigador deixou seu café na
mesa, reclinou seu corpo na poltrona e olhou fixamente para o rapaz. – Eu
realmente queria acreditar que você era inocente.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas eu sou inocente! – Jim esbravejou.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rick fez sinal para que o ilustrador se silenciasse. – Você
prometeu se comportar.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim murmurou uma série de xingamentos, mas voltou a ficar
quieto logo depois.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu gostaria que isso não tivesse acontecido, Jim, você
parecia um cara legal, mas as provas vão todas contra você.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Que provas? Não existem provas, eu não fiz nada!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você matou aquelas três pessoas. Ezequiel Zarco, Rosa
Carbone e Oliver Marshall.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não matei!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você pode continuar negando, mas há evidências suficientes.
Quando eu vi você pela primeira vez, eu realmente não desconfiava que você
tivesse feito aquilo. Só estava atrás de alguma pista que pudesse me ajudar... mas
você não só deu a pista, praticamente se entregou... Talvez seja culpa, eu
entendo...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Como assim, eu me entreguei?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Quando entrei para investigar a morte da senhora Carbone,
notei que havia marcas de um pó acinzentado no chão e ao redor do corpo. Graças
ao seu convite à sua casa, pude colher material para comparar com os da casa da
sua vizinha, e descobri que era o mesmo tipo de grafite. Como você mencionou a
morte do açougueiro, fiz uma nova busca no local, e encontrei amostras do mesmo
grafite que você usa. Além disso, você havia mencionado seu cliente. E não é
que recebemos as filmagens de uma câmera de segurança em um prédio vizinho ao
do escritório dele, adivinha quem estava lá?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu realmente fui a o escritório dele, mas eu não o matei,
isso você não tem como provar!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sinto lhe informar que tenho. A câmera mostrou você
seguindo o Oliver e depois empurrando ele na rua quando pensou que ninguém
estava vendo.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não pode ser! Deve ter sido outra pessoa! Eu não fiz isso.
<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Foi encontrado um fio de cabelo seu no paletó que Oliver
Marshal usava. Além disso, a faca que matou o Ezequiel Zarco havia sumido, mas
foi encontrada em um terreno baldio perto da sua casa. Ela tem suas digitais.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Isso não é possível, alguém está tentando me incriminar!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Aquele desenho seu? Foi ele que fez tudo isso?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Jim apenas olhou para Rick.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não fique tão alarmado, eu sei que você vai ter um
comportamento exemplar na prisão. Eu realmente não acho que você seja um cara
de todo ruim, mas você precisa pagar de alguma forma pelos crimes que cometeu. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Por favor, eu sou inocente.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Isso quem vai decidir agora é o júri. – Rick chamou o
guarda, que entrou na sala e algemou o ilustrador novamente.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Por favor... – Jim olhou mais uma vez para o investigador,
antes de ser levado de volta para a sua cela.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não posso fazer mais nada por você – Rick disse para o
vazio da sala, antes de tomar o último gole de seu café.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
xxx<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>“É uma pena, podíamos
ter construído uma história bem diferente juntos, mas você não quis.”<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Lentamente, os desenhos nas folhas foram se apagando, as
cores e o grafite foram se desfazendo, até que apenas restassem papéis em
branco.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>FIM<o:p></o:p></b><br />
<b><br /></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<b>Nota:</b> Não
utilizei referências diretas à mitologia japonesa, mas me inspirei vagamente
nas figuras de Amaterasu e Susanoo. O deus das tormentas me deu a impressão de
gostar de criar confusões, por isso, resolvi me inspirar nele para criar minha
criatura caótica e maldosa. As serpentes que aparecem em uma cena são
referências à luta de Susanoo contra a hydra.<br />
<br />
<b>Nota 2:</b> Se quiserem, podem avisar se encontrarem algum erro. Por mais que eu revise os textos 5, 10, 20 vezes, sempre acho alguma coisa que escapa... <br />
<o:p></o:p></div>
Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-1220403538463048702014-08-11T12:45:00.001-07:002014-08-11T13:36:37.098-07:00Lançamento!<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É com grande alegria que participei como autora no evento LIVROS EM PAUTA que aconteceu no dia 9 de agosto de 2014. Cinco dos meus contos foram selecionados para serem publicados em 4 antologias da editora Andross!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAaZuLNbZbpI5Ti72hnXWFH8I0VEPcFa0ORRAoKy57gULZNqU6MLXG_rlGkq_F4NrPjaoJd89YDDoZ8BfLjp_ldpKtlZYr359uo37PVwfQeWp1rIwbwQ87rzCdLEt2L04rNnPaRZ06Mtw/s1600/DSCN0222.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAaZuLNbZbpI5Ti72hnXWFH8I0VEPcFa0ORRAoKy57gULZNqU6MLXG_rlGkq_F4NrPjaoJd89YDDoZ8BfLjp_ldpKtlZYr359uo37PVwfQeWp1rIwbwQ87rzCdLEt2L04rNnPaRZ06Mtw/s1600/DSCN0222.JPG" height="300" width="400" /></span></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">São elas:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px;">AQUARELA – CONTOS E CRÔNICAS DE TEMÁTICA LIVRE</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px;">HORAS SOMBRIAS – CONTOS SOBRENATURAIS DE SUSPENSE E TERROR</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px;">UTOPIA – CONTOS FANTÁSTICOS</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; line-height: 19.31999969482422px;"><br />XEQUE-MATE – CONTOS POLICIAIS</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPsXFgaHfyMVzv2Ovnani_VjHNgKOkkKuLyMQf5lWZsqyVxxunup56Oc31IwWitQVFtuVbhrkempqL1tk63qPOACDBI23yIckxvtnhkm9kwmxlGHJDbkWbTEFb43W0SEaK_3lgZzv6xLI/s1600/IMG_1960.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPsXFgaHfyMVzv2Ovnani_VjHNgKOkkKuLyMQf5lWZsqyVxxunup56Oc31IwWitQVFtuVbhrkempqL1tk63qPOACDBI23yIckxvtnhkm9kwmxlGHJDbkWbTEFb43W0SEaK_3lgZzv6xLI/s1600/IMG_1960.JPG" height="266" width="400" /></span></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Preço: De R$20,00 a R$25,00 (dependendo do livro escolhido) + Envio.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Formas de pagamento: aceito depósito, transferência bancária ou PagSeguro.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contato para negociações:<br />- Por mensagem no Facebook: <a href="http://www.facebook.com/claudia.nikolaevamiyamoto" target="_blank">www.facebook.com/claudia.nikolaevamiyamoto</a><br />- Por e-mail: <a href="mailto:claudia.publicidade@gmail.com" target="_blank">claudia.publicidade@gmail.com</a></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Espero que apreciem a leitura!</span>Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-55495716538364826342013-10-27T17:42:00.001-07:002013-10-27T17:42:21.482-07:00Conto: Chance Única<div class="MsoNormal">
<b>Gêneros: Ação,
Romance, Humor.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Sinopse: A ameaça
zumbi já faz parte da vida das pessoas, incluída na rotina do dia-a-dia. Marlon
vive sua vida calmamente em meio às suas rondas de vigilância e ao som do <i>Rock ‘n’ Roll</i>... até algo interromper a
sua pacata rotina... <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Nota:</b> Este é meu
conto zumbi (risos). Eu sei que zumbi virou modinha, e eu só me deixei escrever
esta história porque a primeira ideia foi para um tipo de paródia. Depois que
comecei a escrever, vi que começou a ter um pouco de romance e de ação, e ficar
um pouco mais séria, mas sem deixar de ter um tom de humor lá no fundo. Preciso
dizer que não entendo nada de mulheres e que não faço a menor ideia do que elas
querem em um relacionamento, o que eu escrevi é puramente ficção, não me façam
perguntas a esse respeito xD Os acontecimentos se passam em uma cidade
fictícia, que aparentemente não ficaria no Brasil, por um motivo que vocês vão
entender xD Algumas repetições de
palavras foram intencionais para o ritmo e estilo do texto, que é um tanto mais
leve, mais solto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Chance Única<o:p></o:p></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Por Claudia Mina<o:p></o:p></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon escutava uma música diferente naquele dia, uma canção
de melodia romântica, daqueles cantores que têm aquelas vozes bonitas de dar
inveja, um estilo diferente do bom e velho <i>rock
‘n’ roll</i> ou do metal que costumava escutar a caminho do seu
"emprego". Era uma tarde ensolarada e calma. Marlon sorriu ao ver os
raios de sol enquanto escutava o cantor apaixonado – o que o fez lembrar que
deveria passar em um lugar especial antes de se dedicar ao seu serviço: a loja
de armas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon desceu do seu jipe e foi caminhando em direção à construção
que um dia fora imponente, mas que havia se transformado num tedioso local de
paredes desbotadas e cansadas. Logo ao abrir a porta, um irritante ranger de dobradiças
deu as boas-vindas ao novo visitante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Alguém precisa passar um óleo nisso - Marlon pensou em voz
alta e se surpreendeu ao receber uma resposta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Isso é uma reclamação?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O olhar de Marlon se voltou para uma jovem que
"bonita" seria pouco para defini-la – ela era sensacional. Morena,
cabelos castanhos escuros e um leve bronzeado. Corpo perfeito, cheio de curvas
nos lugares certos. Usava um jeans colado que era uma loucura, blusinha branca
justa e colete preto que maldosamente cobria o decote. Ela era alta, mas estava
longe de ser tão alta quanto Marlon, com seus 1,88 m. Seus olhos eram grandes e
de um castanho claro – quando o sol os iluminava, brilhavam num dourado escuro.
Eles estavam brilhando daquele jeito naquela tarde, com o sol que espreitava
pela janela; Marlon estava olhando para eles e eles olhavam de volta com um
olhar de deboche, daqueles que mulheres bonitas e inalcançáveis dão a qualquer
homem que se aproxima, e Sandra era para ele linda e inalcançável. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Longe de ser uma reclamação, Sandrinha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando a gata escutou o apelido de Sandrinha, seus olhos se
comprimiram numa leve careta de desaprovação, mas logo em seguida ela deu de
ombros. - O que você quer dessa vez?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O de sempre - Marlon sorriu bem-humorado. Ele estava
sempre alegre e não era uma garota mal-humorada que o faria perder o bom humor,
mesmo porque era uma garota mal-humorada bonita e ele achava aquele olhar de
poucos amigos um charme.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O de sempre? - Sandra perguntou com um certo tom confuso, porém
suas mãos já se ocupavam de pegar a munição e colocar em cima do balcão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É, o de sempre, por que a surpresa?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É porque você sempre pede o de sempre- Sandra disse com um
tom de inocência que fez Marlon rir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É que eu peço o de sempre porque eu gosto de pedir o de
sempre.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas você sempre vem aqui pedir o de sempre, porque você não
compra mais munição de uma só vez e faz um estoque?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Era verdade que Marlon visitava a loja pelo menos duas vezes
por semana, até três...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É que eu gasto muita munição, sabe, o meu trabalho...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon vigiava os limites da cidade para impedir que algum
zumbi se aproximasse das grades de proteção que a cercavam. Não era um trabalho
oficial, mas a comunidade o havia escolhido para ser o vigilante local. Eles o
pagavam para que ele os protegesse de uma possível ameaça. E ele era bom nisso,
gostava disso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Tem tantos zumbis aqui perto? - Sandra perguntou alarmada.
- Eu pensava que eles já não estavam mais na região...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Era verdade que a cidade há muito não ouvia falar de zumbis.
Aparentemente, o governo estava combatendo a ameaça zumbi com bastante eficiência
no país, isolando as áreas afetadas. Havia sido um caos no inicio da infestação
zumbi, a humanidade se via à beira de um colapso. Com o tempo, os homens
aprenderam a lidar com a situação, até que os zumbis se tornaram uma praga
controlada. Apenas casos esporádicos eram relatados às autoridades e casos de
mortes eram muito raros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Só um ou outro zumbi por perto - Marlon tentou consertar a
situação para não alarmar a moça. - É que às vezes nos saímos dos limites da cidade
para caçar alguns grupos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sandra arregalou os olhos. - Vocês saem dos limites da
cidade?!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É... para evitar que eles se aproximem demais... - Marlon
mentiu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Isso é loucura... mas acho que é preciso muita coragem
para isso...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Isso foi um elogio? - disse Marlon esperançoso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não... Não veja isso como elogio, eu só não quero que você
fique se arriscando por ai.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você tá preocupada comigo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É lógico que não - Sandra colocou o que faltava da munição
em cima do balcão. -Pronto, já tá tudo aqui.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Entendi, vou parar de amolar você e trabalhar um pouco. –
Marlon pegou a munição e deixou o dinheiro sobre a mesa. – Eu tô indo embora,
mas não pense que se livrou de mim – disse ao caminhar em direção à porta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ah... isso eu sei que vai ser difícil...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon sorriu enquanto saía da loja, entrou no carro
novamente e seguiu seu caminho. Era realmente um belo dia de sol e tudo parecia
alegre e tranquilo naquela cidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No caminho, Marlon viu uma velhinha sorridente, sentada
alegremente em um banco em sua varanda, agulha e linha para um bordado em suas
mãos e uma espingarda como companheira ao seu lado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Passando por um campinho, havia crianças brincando alegremente,
dois meninos e uma menina, todos com suas pistolas, tentando ver quem acertava
melhor o alvo. Marlon sorriu ao se recordar da sua infância, quando ele
treinava tiro em sua escola. Fazia parte da grade curricular ter aulas de tiro
e defesa para um possível ataque zumbi; era a matéria preferida de Marlon. As
outras crianças costumavam zombar dele pelo entusiasmo exagerado que ele demostrava
em cada aula. Toda a vez que o professor perguntava quem queria começar um
treinamento novo, Marlon sempre era o primeiro a se prontificar. Ele não ligava
para os risos dos colegas, nem um pouco. Apesar de ele ter sido aquela criança bem
maior que as outras, ele nunca se aproveitou de seu tamanho para bater em
alguém, ou ameaçar alguém. Apesar de adorar as aulas de artes marciais e
competições de luta, Marlon nunca foi de brigar. Sempre foi alegre e
sorridente. Nunca havia tempo ruim para ele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Após alguns minutos de carro pela via ensolarada, Marlon
chegou em uma casa no meio de um bairro residencial. Era uma casa branquinha,
mais uma entre todas as outras, nada de especial. Ele bateu à porta, mas não
escutou resposta alguma, então simplesmente testou a maçaneta e entrou no local;
passou pela sala e seguiu o corredor até o quarto, onde encontrou um rapaz
dormindo como se não houvesse a menor preocupação com o mundo. Marlon não
pensou duas vezes antes de pular em cima da cama e atacar o jovem com um
travesseiro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É HORA DE ACORDAR! – ele gritava enquanto pulava sobre a
cama.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O rapaz recém-acordado levou um susto tão grande que quase
caiu no chão, mas se segurou ao colchão no último instante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O que você tá fazendo aqui? – Everton perguntou, embora já
soubesse a resposta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Já passou da hora de fazer a ronda!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- E daí? - Everton esfregou os olhos e afundou o rosto no
travesseiro novamente. – Nunca acontece nada – disse com a voz abafada pelo
tecido. – Você sabe que não temos ataques há meses...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- E você acha que isso é motivo para baixar a guarda? –
Marlon puxou Everton pela camiseta e o fez olhar para ele. Por um momento, Marlon
pareceu sério. Olhar para o rosto de Everton trouxe uma lembrança antiga à tona.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há um tempo, quando Marlon não devia ter mais de 11 ou 12
anos, havia uma menina com aquele mesmo cabelo loiro do Everton e os mesmos
olhos verdes. Era a coisa mais bonitinha que Marlon já vira. Ele a observava no
parquinho, brincando no balanço ou colhendo florezinhas. Marlon nunca sentiu
aquela desavença que alguns meninos sentem pelas meninas em certa época da
infância. Ele sempre as achou umas gracinhas e adorava brincar com elas. Marlon
gostava especialmente de brincar com aquele anjinho loirinho chamado Melissa.
Ela era tímida e Marlon se esforçava ao máximo para fazê-la sorrir. Ele contava
várias piadas, inventava várias histórias malucas, só para ouvir aquela risada
doce, e se sentia muito vitorioso quando conseguia ganhar um sorriso. Um dia,
porém, ele soube que nunca mais poderia escutar aquele riso. Havia acontecido
um ataque inesperado no parque, de alguma maneira os zumbis conseguiram
atravessar a barreira na mata e alcançado o local. Só houve um caso fatal
naquele dia, apenas uma menina que não conseguiu fugir. Aquele foi o único dia
em que Marlon faltou ao treinamento na escola, foi o dia do enterro da Melissa.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você tá bem, cara? – disse Everton ao ver a mudança na
expressão de Marlon. Era realmente muito estranho vê-lo sem um sorriso no
rosto, com um olhar baixo e perdido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Tô bem sim. – Marlon afastou os pensamentos da cabeça e se
levantou da cama, olhando ao redor. Havia vários videogames e jogos espalhados
pelo chão do quarto. – Não me diga que passou a noite inteira jogando de
novo...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ah... passei, e daí?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon sabia que não tinha o que se fazer com pessoas assim
– essas pessoas viciadas em videogame. - Vai, se arruma logo, a gente precisa
sair daqui.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Everton se levantou da cama e começou a trocar de roupa e
pegar suas armas com muita preguiça.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Aposto que não tá nem malhando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Tô sim – Everton bocejou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Quando foi a última vez?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Uns dias aí...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon não entendia como as pessoas tinham tanta preguiça de
malhar. Ele sempre acordava cedo, com toda a disposição do mundo e estava lá na
academia que montara em casa. Marlon queria estar sempre em forma para vigiar a
cidade e protegê-la durante um possível ataque... Talvez ele tenha assistido
muitos filmes de super-heróis quando criança e no fundo queria ser um... Talvez
ele apenas queria poder salvar alguém.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando Everton ficou pronto, os dois saíram e entraram no
carro de Marlon. Eles atravessaram a cidade e pegaram a estrada que a
circulava, beirando os limites dela. Naquele momento era de tarde, e o sol
queimava com uma intensidade quase cruel. Pelo menos o vento era agradável e
trazia um alivio momentâneo quando soprava sobre eles. A música era alta, de um
rock antigo e bom, e Marlon não se atreveu a atrapalhar a guitarra contando
mais uma de suas piadas. Ele simplesmente estava contente em deixar o som
rolar. Everton estava quieto enquanto olhava a paisagem quase desértica ao seu
lado; ele sempre fora um rapaz muito quieto. Marlon tinha a impressão de que
eles sempre estudaram na mesma escola, mas nunca chegou a reparar nele, de tão
quieto que ele era. Everton era aquela criança que ficava num canto e nunca
falava com os outros. Marlon apenas o reconhecia algumas vezes andando por
algum corredor porque sabia que aquele era o irmão da Melissa. A primeira vez
que o viu foi no velório da irmã, ele era pequeno e estava quieto, não olhava
ninguém. Talvez fosse muito novo para entender. Talvez entendesse bem demais.
Certo dia Marlon resolveu passar mais tempo nos campos de treinamento da escola
e viu aquele menino quieto treinando tiro. Marlon viu Everton acertar o alvo
todas as vezes. Quando se aproximou e perguntou o que ele fazia para ser tão
bom, Everton simplesmente respondeu que aprendeu com videogames. Quando Marlon
começou seu trabalho de caçador de zumbis, chamou Everton para ser seu
parceiro; na época, há cinco anos, aquele rapaz tímido, que mal havia saído da
adolescência, já era o melhor atirador da cidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eles fizeram a ronda pela região, como de costume, e pararam
em alguns<i> check points</i> para ter uma
visão mais ampla das áreas que cercavam a cidade. Os dois viram que estava tudo
tranquilo, como sempre, as grades e muros que cercavam os limites da cidade
estavam intactos, não havia nenhum sinal que perturbasse a paz daquelas
planícies. Já era começo de noite quando resolveram dar uma parada num local
onde o céu parecia de uma imensidão sem fim. Deixaram o jipe na estrada e
caminharam até um local no meio da planície, sentaram-se na terra seca da
região semiárida e puseram-se a admirar os montes ao longe e o mar celeste de
estrelas sobre suas cabeças. Latas de cerveja foram abertas e a conversa
começou. Aquela antiga conversa de sempre...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Nada com a Nicole ainda? – Marlon perguntou após uns goles
de cerveja.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Everton permaneceu em silêncio por um tempo, tomou um gole
da bebida, pensou um pouco, e só depois respondeu. – Eu ainda tô esperando a
hora certa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Que isso de hora certa? Você já tá esperando há um ano...
ou mais? Acho que mais...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- A Nicole é uma garota delicada, não é para ir chegando de
qualquer jeito...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não, não precisa ser de qualquer jeito. Você pode ir lá,
na boa, puxar um papo, daí você vai chegando mais perto, deixando ela mais à
vontade. Você diz que gostou dela e pergunta se tem chance.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não! Vai que ela fala que não! – disse Everton alarmado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ah... É uma possibilidade, você precisa ser homem e
encarar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas eu não quero que ela diga não!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas se você nunca disser nada, nunca vai ter chance.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu sei, mas... como eu disse, eu tô esperando o momento
certo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Everton, você tá é com medo, mulher não gosta de homem
covarde. Mulher gosta de homem com atitude. Eu nunca tive medo de falar com uma
mulher. Eu posso levar um fora, mas eu não fico sem tentar. Às vezes você
ganha, às vezes você perde, é a vida. É só ficar tranquilo, ser legal, ter bom
humor, não precisa ter medo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas você tem medo da Sandra...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon se lembrou da moça da loja de munição... – É... eu
tenho medo dela... – O jovem riu. – Eu tenho medo da Sandra. Nunca vi mulher
como aquela... Parece aquele tipo de mulher inalcançável... Incrível demais
para ser verdade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Viu? Até você tem medo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas eu vou tentar um dia, eu não vou desistir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Duvido você tentar na próxima vez que você for ver a
Sandra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Você tá querendo me desafiar? Tá querendo fazer uma
aposta?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Tô dizendo que você não tem toda essa coragem – Everton
sorriu de maneira jocosa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não tenho, é? Vamos fazer o seguinte, assim que eu voltar,
vou falar com a Sandra, mas você vai falar com a Nicole também.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Everton sentiu um certo tremor de apreensão percorrer seu
corpo, mas decidiu aceitar o desafio. – Tá certo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não ouvi direito! – Marlon gritou e sua voz se espalhou
pelo ar da planície.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu vou falar com a Nicole! – Everton também gritou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon deu risada – Agora eu senti firmeza! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Everton também riu e o ar da conversa se tornou muito mais
leve. A noite estava clara, bonita e agradável e eles haviam acabado de
terminar a primeira cerveja. Marlon pegou mais duas latas da caixa térmica e
estendeu a mão para oferecer uma delas para Everton, mas o rapaz parecia não estar
prestando atenção.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- O que é aquilo? – Everton disse com o olhar fixo no
horizonte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Aquilo o quê? – Marlon olhou para o horizonte e por um
momento só viu os montes ao longe.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Parece que tem alguma coisa se mexendo... – Everton forçou
a visão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Eu não tô vendo nada...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Everton se levantou repentinamente e pegou seu rifle numa
rapidez impressionante. Um segundo mais tarde, o som de um tiro cruzou as
planícies num estampido cortante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Que isso, Everton, tá querendo me assustar? – Marlon ainda
não estava entendendo o que estava acontecendo, mas seus instintos o fizeram
levantar, pegar a metralhadora e apontar a arma para a mesma direção que
Everton apontava a sua. Marlon olhou para o amigo e viu uma expressão
extremamente séria no rosto do rapaz, mais um tiro foi disparado. – O que está
acontecendo? – Marlon perguntou num suspiro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Everton não respondeu, parecia estar sob o efeito de alguma
magia. Foi quando Marlon reparou em algo que se mexia à distância, algo com
braços e pernas humanos, mas que ele tinha certeza que não era mais humano. –
Não pode ser... – Marlon viu Everton
acertar o zumbi que ele vira e depois um outro que surgiu. Depois disso, não
parecia ter mais nenhum zumbi à vista, mas o instinto de alerta ainda reinava
com força e eles esperaram um pouco mais... até perceberem que mais zumbis apareceram.
Everton começou a atirar sem parar, e cada tiro era certeiro, derrubando os
zumbis no ato. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por um momento, a situação pareceu sob controle, mas uma
quantidade maior de zumbis surgiu e alguns começaram a escalar as grades de
proteção. Marlon e Everton estavam longe da cidade, em uma região não tão bem
guardada. Em dado momento, apenas a distância era o que os separava de um
contato direto com os zumbis, distância que se encurtava à medida que a horda
de zumbis crescia. Everton se concentrava em atirar nos zumbis mais distantes
com seu rifle e Marlon atirava nos que escapavam da mira de Everton com sua
metralhadora. A dupla parecia trabalhar em plena sintonia e a situação mais uma
vez parecia controlada, até que um grito de Everton foi ouvido:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Do outro lado!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon viu que um novo grupo de zumbis estava vindo de outra
direção, na sua direção, e se virou para metralhá-los.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Marlon! – Everton gritou em desespero. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No momento em que Marlon escutou seu nome, sentiu braços
frios e pegajosos o segurarem por trás. Marlon sentiu a força descomunal e
lutou para se soltar, até conseguir girar o corpo e derrubar o zumbi com um
golpe marcial. Logo que pôde, Marlon atirou na cabeça do zumbi que estava no
chão, livrando-se daquela ameaça, e logo em seguida voltou a atenção para os
outros. Naquele momento, Everton já tinha trocado o rifle pela metralhadora e
atirava nos zumbis que mais e mais se aproximavam e já os cercavam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
De repente, Marlon se viu sem munição e se lembrou de que
havia deixado o que comprara no jipe... que estava encostado na estrada, a uma
distância que naquele momento parecia longe demais. Ele sabia que Everton logo
estaria sem munição também, eles não estavam preparados para um ataque daquela
magnitude... o veículo parecia ser a única saída.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Para o jipe! – Marlon gritou e tentou abrir caminho por
entre a horda de zumbis. Everton tentou segui-lo, mas os zumbis o cercaram.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Everton! – Marlon gritou ao ver o amigo sumir em meio aos
zumbis... Desespero passou pela sua
mente por um momento, mas ele não demorou a partir para cima dos inimigos no
corpo a corpo, a vida de Everton dependia dele. Marlon pegou um zumbi pelo
pescoço, derrubando-o no chão. Ele retirou uma adaga do cinto, antes, apenas
uma lembrança de seu pai; naquele momento, sua única salvação. Ele cravou a
adaga na cabeça do zumbi no chão e logo se levantou para cortar o pescoço de
outro. Golpeou um deles com o cotovelo esquerdo, aturdindo-o, e logo em
seguida, cravou a adaga na cabeça de outro com a mão direita, para então fincar
a adaga no zumbi aturdido. O ar estava pesado com o cheiro de carne decomposta
e morte. Em meio ao desespero e sangue, Marlon lutou como nunca havia lutado,
nunca estivera tão perto de perder a vida. Num esforço que beirava a
insanidade, Marlon se viu derrubando zumbi após zumbi apenas com a sua força
física e a adaga de seu pai, até não sobrar nenhum para atacá-lo. Marlon mal
podia acreditar no que tinha acontecido, mas não tinha tempo a perder. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em meio aos corpos caídos no chão, ele levou um tempo para
retirá-los do caminho e localizar Everton. O rapaz mais jovem estava coberto de
sangue, da cabeça aos pés, com um olhar assustado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- A gente quase morreu, né? – Everton disse após um longo
silêncio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-alt: solid windowtext .75pt; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 1.0pt 0cm;">
<div class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-bottom-alt: solid windowtext .75pt; mso-padding-alt: 0cm 0cm 1.0pt 0cm; padding: 0cm;">
- É, a gente quase morreu – foi
a única coisa que Marlon conseguiu responder.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-bottom-alt: solid windowtext .75pt; mso-padding-alt: 0cm 0cm 1.0pt 0cm; padding: 0cm;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
Naquela noite bonita e agradável, a maioria dos jovens estava
no bar mais famoso da cidade. As luzes estavam todas acesas e coloridas e o ar
estava cheio de risos e conversas leves. De repente, as portas se abriram e
todos os olhares se voltaram para a dupla que havia entrado no recinto. Os dois
jovens estavam cobertos de sangue da cabeça aos pés e seus olhares pareciam
perdidos em uma cena de horror.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao ver aquilo, uma das moças correu na direção deles e parou
na frente de Everton.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Minha nossa, o que aconteceu com você? – disse a voz fina
de uma loirinha de cabelos lisos e perfeitamente escovados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Um ataque zumbi – Everton respondeu, ainda com o olhar
perdido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Coitadinho... – A moça analisou o estado alarmante em que
Everton se encontrava, todo vermelho de sangue. Seus grandes olhos azuis se
enchiam de pena por trás dos óculos de lentes grossas. Nicole era uma moça
sensível, delicada e de bom coração, que parecia bem mais nova pela sua voz
fina, porém, seu corpo cheio de curvas não escondia que ela já não era mais uma
menina. Embora suas roupas fossem sempre muito discretas e comportadas, todos
conseguiam ver que ela tinha um corpo muito bonito e bem formado de mulher.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Num momento repentino, Everton pareceu voltar a si e olhou
nos olhos azuis de Nicole, antes de baixar sua cabeça para beijá-la. Seus
braços a envolveram e ele a levantou, puxando seu corpo para mais perto de si.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma porção de vozes ecoaram pelo ar, algumas em tom de
choque, outras de repulsa e outras de empolgação. Não havia uma pessoa no bar
que não estivesse assistindo à cena como se fosse algo surreal, algo saído de um
filme.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando o beijo terminou, Nicole olhou para Everton assustada,
seus óculos estavam fora do lugar e sua boca coberta de sangue. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Nicole, quer namorar comigo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A moça arregalou os olhos, como se não acreditasse no que
estava acontecendo. Havia um jovem, aparentemente fora de si, coberto de sangue
de zumbis, pedindo ela em namoro e surpreendendo a si mesma, ela disse – Sim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O bar inteiro se encheu de palmas e gritos, o balcão e as
mesas tremiam com a empolgação das pessoas com a inesperada situação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nicole tirou um lencinho branco e perfumado do bolso e
enxugou o rosto de Everton, tirando uma fina camada de sangue da região de seus
olhos. – Deixa eu limpar você. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Everton assentiu e passou o braço por trás da cintura dela,
sumindo de vista com ela pelo bar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon assistiu à cena impressionado. Como uma situação de
vida ou morte podia mudar a atitude de um homem...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Vai ficar aí em pé a noite inteira?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marlon se deu conta de que havia alguém falando com ele.
Sentada ao balcão central, estava Sandra, linda como sempre, com um olhar de
desafio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por um momento, Marlon sentiu dificuldade de respirar e seu
coração tremeu em seu peito. – Sandra... – foi a única coisa que conseguiu
dizer por um tempo, até conseguir respirar fundo e tomar coragem. – Posso pagar
uma bebida para você?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sandra deu risada e Marlon sentiu uma pontada de dor em seu
peito. – Achou engraçado?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É que você está meio sujo de sangue...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- É, eu tô, mas pode ser minha única chance, por que não
tentar?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sandra riu novamente, uma risada que era tão difícil de
tirar daquela moça sempre tão séria, um riso cheio e sonoro. – É, por que não?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>FIM<o:p></o:p></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Nota:</b> Comentem,
por favor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-80456535555218111362013-10-12T01:44:00.000-07:002014-10-02T22:45:53.740-07:00Meu segundo conto - Coragem<div class="MsoNormal">
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sinopse: </b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um cavaleiro que ao retornar da guerra descobre que
ainda pode conhecer outros significados para a vida e outras definições para
coragem num encontro com um camponês.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Temas:</b> Aventura, Drama, Fantasia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Notas</b>: Este é o conto que mais se assemelha ao estilo do meu
futuro livro, seria o conto número 1, porque a primeira ideia que eu tive para
um conto foi esta. No entanto, eu acabei publicando uma ideia posterior antes
simplesmente por ter sido finalizada primeiro. A princípio, eu me surpreendi
com a ideia; eu sempre tive uma forte influencia modernista, então eu não sabia
de onde uma história sobre lobisomens havia surgido (sim, este é um conto sobre
lobisomens também). Embora seja um tema
bastante abordado nos últimos tempos, eu sempre fui um tanto relutante ao
universo fantástico. Eu sempre fui bastante de descrever cenas do cotidiano,
mas eu sei que no fundo ainda tenho influencias do tempo de adolescente e, na
época, um dos meus gêneros literários favoritos era o romantismo... Aquele
ultrarromantismo... Eu também me lembrei de que na época que eu tive a ideia eu
estava jogando Castlevania: Lords of Shadow e os vídeo-games são realmente uma
grande influência para mim xD <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Coragem<o:p></o:p></span></b><br />
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por Claudia Mina</span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Descia a colina a passos largos e apressados, aquele homem
que não passava despercebido em nenhum lugar
que fosse. Seu porte e fisionomia eram distintos demais para que ninguém o
notasse: era forte e alto—mais alto que a maioria dos homens—, tinha ombros
largos e pernas compridas, seu rosto era de feições bem feitas e harmônicas—que
lhe davam um ar de nobreza—, seu corpo bem formado estava coberto por uma espessa
armadura negra que chamava a atenção por ser notavelmente bem trabalhada e custara
certamente mais do que muitos camponeses jamais ganhariam em toda a sua vida de
trabalho. Aquele certamente não era um homem comum, e certamente não era um
nobre comum. Andava com um porte e altivez que um cavaleiro comum jamais teria;
ele se assemelhava mais a um herói lendário, cuja aura exalava uma temida
grandiosidade. Quem o visse naquele momento, andando com a força de um
relâmpago cortando os céus, teria medo, muito medo. Sua expressão estava
fechada e seus passos pareciam fazer o chão tremer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chovia torrencialmente naquele final de tarde cinzento,
chovia como se os céus estivessem desabando, chovia como nunca antes se vira.
Os estrondosos trovões faziam o horizonte tremer, como se o mundo estivesse se
contorcendo e partindo num mortal acesso de cólera. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Parecia não haver alguém que ousasse sair em um tempo como
aqueles... com exceção de Áquila,
enfrentando a mais cruel tempestade em sua armadura negra, coberto
apenas por sua capa que parecia mais negra do que a mais escura treva. Áquila
não parecia temer, não parecia ter frio, não parecia se importar com o clima
infeliz a sua volta. Ele continuou andando e lutando contra a pesada chuva que
caía sobre seus ombros, decidido a perseguir o seu intento, o forte motivo pelo
qual cruzava aquelas colinas. Caminhava com os olhar fixo a sua frente, como se
nada pudesse fazê-lo parar. No entanto, de maneira repentina, Áquila se virou
para trás, havia alguém que o seguia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Encolhido e tremendo de frio, um homem tentava acompanhar o
cavaleiro. Seu rosto mal podia ser visto por baixo do capuz que usava para
tentar se proteger minimamente daquela chuva e seu corpo se escondia embaixo de
um farrapo surrado que era a única vestimenta que possuía. Era apenas um jovem
de um vilarejo de camponeses. Em contraste com o Áquila, seu corpo era pequeno
e magro e ele caminhava encurvado, com os braços cruzados à frente do seu peito
para tentar se proteger do frio. A chuva parecia ter encolhido ainda mais o seu
corpo e ele tremia como um animal assustado. No entanto, mesmo naquele estado
frágil e deprimente, aquele pobre camponês demonstrava bravura ao tentar seguir
o cavaleiro naquele tempo cruel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu disse para não me seguir – disse Áquila com sua voz
firme e forte de comando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por um momento, pareceu que Renê, o camponês, não teria
coragem de responder, mas lentamente seus olhos se revelaram por debaixo do
capuz quando ele levantou a cabeça para responder. – Eu vou com você – disse
Renê decidido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eles haviam se encontrado pela primeira vez na manhã daquele
mesmo dia. Áquila avistara o vilarejo em sua caminhada de volta para casa. Ele
estava cansado e seu espírito não parecia ter mais vida. Áquila era mais um
cadáver que andava do que um homem naquele momento. Apesar de gozar de boa
saúde, sua força de viver o deixara. Ele voltava da guerra—um dos sobreviventes
de uma campanha desastrada contra o reino vizinho. Antes de partir, ele era um
jovem cavaleiro promissor, ele sentia como se tivesse o mundo em suas mãos; era
um dos filhos de um dos nobres mais ricos e poderosos do reino, ele possuía
dinheiro e terras, a única coisa lhe faltava era uma vitória em guerra. Desde
pequeno ele havia sido treinado para o combate e ele sempre venceu todos os
oponentes que enfrentou. Áquila sabia que havia nascido para a luta, sempre foi
forte e nunca temia. Ele pensou que voltaria da guerra como um herói, e suas
primeiras batalhas foram vitoriosas; no entanto, Áquila percebeu que por mais
que tivesse talento e tivesse habilidades inigualáveis, ele não conseguiria
ganhar uma guerra sozinho. Uma sucessão de erros de estratégia desastrosos
levou seu reino a uma vergonhosa derrota, e não havia nada que ele sozinho
pudesse fazer para reverter a situação. Em seu retorno à terra natal, ele não
era nada daquilo que um dia idealizou. Áquila ainda era um nobre rico, porém,
seu reino estava em ruínas. Uma grande quantia foi investida para financiar o
custo da guerra e sem a vitória e a riqueza que seria trazida com ela, a
economia entraria em declínio. Haveria também disputa pelo poder; Áquila foi um
dos que presenciaram a morte de seu rei, sua cabeça destroçada por um terrível
golpe de machado. Não demoraria muito para que os nobres começassem a brigar
entre si pelo trono. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Áquila sentia como se não fosse ninguém, sentia como se nada
valesse a pena na vida, um cavaleiro derrotado de um reino derrotado. Foi assim
que ele entrou no vilarejo, sem nenhuma pretensão, sem nenhum sonho, apenas
guiado pela noção de que precisaria ir a algum lugar. Quando adentrou as ruelas
do pobre vilarejo, porém, notou algo diferente. Não havia ninguém à vista.
Todas as portas e janelas estavam fechadas. Ele continuou andando, intrigado,
sem notar sinal algum de vida por muito tempo... até ouvir algumas vozes
sussurradas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Vá embora!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Saia daqui!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele percebeu que as vozes vinham de dentro de algumas casas.
A principio, achou aquilo curioso, porém, não demorou muito para que ele
notasse que algo de muito errado se passava por lá. Em dado momento, ele
escutou um grito, um grito agudo e estridente, um grito de congelar a alma.
Rapidamente, Áquila correu na direção da qual veio o grito e qual não foi a sua
surpresa ao ver algo pior do que seus mais terríveis pesadelos. Era um animal
gigante, com pelos compridos e grossos sobre um corpo coberto de músculos. Era
grande como um urso, mas o formato da cabeça e do corpo se assemelhava ao de um
lobo e o jeito com que ficava em pé sobre as duas patas traseiras o fazia
parecer... com um ser humano, os olhos porém pareciam de um demônio, negros
como a mais profunda noite, como duas orbes de trevas sem fim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A criatura havia atacado uma jovem que estava deitada no
chão—seus olhos estava abertos e ela estava viva, porém imóvel. O trauma
daquele ataque havia deixado a jovem em estado de choque, seus olhos congelados
em uma expressão do mais puro medo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Áquila ficou aliviado de pelo menos saber que a moça estava
viva, mas estava claro que a situação poderia mudar a qualquer momento. A
criatura estava entre ele e a camponesa e a única maneira de salvá-la era enfrentar
aquele demônio em forma de animal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com um uivo diabólico que ecoou pelos ares, a besta
sinalizou sua sentença de morte para aquele homem que o havia interrompido.
Áquila apenas teve tempo de desembainhar sua grande espada antes de sentir o
primeiro ataque quase atingi-lo. As garras do animal rasgara o ar a poucos centímetros
de distancia do rosto de Áquila, que por pouco não se viu desfigurado. Apesar
do corpo grande e pesado, o animal era ágil e atacava com uma rapidez
impressionante. Áquila também era ágil, mas mal tinha tempo de escapar dos
golpes. Ele não estava conseguindo contra-atacar e a situação parecia mais
crítica a cada segundo. Áquila esperava por um momento de distração da besta,
uma oportunidade para atacar, mas o momento parecia não chegar nunca. Áquila
tinha uma grande resistência física, mas ele não sabia por quanto tempo mais
ele poderia aguentar aquele tipo de luta. Ele sabia que por mais que fosse
forte, ele era apenas um homem, e o oponente com quem lutava possuía uma força
descomunal, algo que não vinha da natureza e sim de algum tipo de energia
demoníaca. Finalmente, o cavaleiro se via em uma batalha da qual ele não sabia
se sairia vivo. No entanto, apesar de tudo, Áquila não tinha medo. Era como se
sua determinação tivesse retornado, era como se o seu espírito tivesse sido
revivido. Ele sabia que teria de lutar por um motivo e o motivo era sobreviver.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Num momento de fúria, a voz de Áquila ecoou pelo ar, como
num grito de guerra, e sua espada seguiu firme em direção do peito exposto da
criatura que havia aberto os braços para um ataque. A lâmina resvalou nos pelos
escuros da besta e teria perfurado a carne impura se não tivesse sido
arremessada aos ares no último instante. Áquila viu um dos fortes braços da
besta jogar sua espada para longe, arrancando-a de suas mãos. Num instante, o
cavaleiro se viu desarmado; no próximo instante, ele se viu no chão, jogado
pela besta que estava então acima dele. Áquila viu os olhos negros próximos aos
seus e ouviu um rosnado raivoso perto de seus ouvidos; o bafo que exalava da
boca da fera não era quente como ele imaginara, mas gelado e sobrenatural. O
cavaleiro pôde sentir a morte de perto, até que algo os surpreendeu. A besta
virou seu rosto de lobo para o lado ao sentir algo atingi-lo. Uma pedra havia
sido atirada em sua cabeça por alguém do vilarejo. A criatura quase se viu cega
de ódio ao olhar aquele ser insignificante, um simples camponês que havia saído
de uma casa e então empunhava uma enxada para atacá-lo. O jovem ofegava com a
corrente de adrenalina que percorria seu corpo, seus olhos brilhavam com
intensidade quando ele bradou um grito de ódio e correu na direção do monstro
com sua enxada em mãos. Aquilo havia distraído a fera que apenas teve tempo
para ter mais um pensamento torpe de ódio antes de expressar um som
horripilante de sua garganta. Áquila havia aproveitado a oportunidade para alcançar
a sua espada e atravessar o pescoço da besta. O animal levou suas mãos até sua
garganta em desespero, mas já era tarde demais, o golpe fatal havia sido
desferido. A única coisa que o monstro pôde fazer foi agonizar em gritos
abafados pelo sangue, num som que era pior do que qualquer coisa que Áquila
jamais havia escutado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Finalmente uns poucos camponeses tiveram coragem de sair de
suas casas para observar a situação e recolher a moça que ainda estava em
estado de choque. A besta jazia morta na praça da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Um lobisomem – disse o camponês. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- O que é um lobisomem? – Áquila perguntou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Dizem que são homens amaldiçoados que em tempos passados
praticaram os mais cruéis atos e suas almas se envenenaram tanto com a maldade
que os transformaram em demônios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Áquila olhou para o camponês com certa incredulidade, se não
tivesse visto com seus próprios olhos, acharia que o rapaz estaria louco. – E por
que ele atacou a vila?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Ninguém sabe... Alguns dizem que algumas pessoas daqui têm
feito algo de muito ruim, alguns deles teriam se envolvido com as artes do
demônio e invocado ele aqui. Faz um mês que isso está acontecendo. Esse que
você matou não é o único, eu vi outros, eu sei onde eles vivem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Você sabe? – Áquila perguntou mais uma vez com
incredulidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Depois dos primeiros ataques, os homens da vila se
organizaram para ir atrás deles. Nós seguimos os rastros, os lobisomens têm um
covil além das colinas. Nós estávamos chegando perto, eu tenho certeza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Mas vocês não chegaram lá, não é mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Eles nos atacaram. Eu fui o único que sobreviveu... eu
sempre corri muito rápido...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Onde ficam essas colinas? – Áquila perguntou com
determinação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu mostro para você.
– O camponês se virou na direção onde ficavam as colinas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Não – Áquila pôs a mão em um dos ombros do jovem para
impedi-lo de seguir. – Você fica aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Mas eu quero ir com você.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Escuta, qual é o seu nome?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Renê.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Renê, o que você é?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu sou camponês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- E por um acaso você sabe lutar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu lutei algumas vezes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu não estou falando de brigas entre moleques da vila, eu
estou falando de luta de verdade. Você sabe quem eu sou?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Você é um cavaleiro – Renê respondeu sem titubear.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Exatamente. Eu fui criado para lutar, eu cresci lutando.
Eu acabo de voltar de uma guerra. Eu sobrevivi a uma guerra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- E qual o seu nome? – Renê perguntou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Meu nome é Áquila.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Áquila, eu sobrevivi. Eu nasci na pobreza. Tinha vezes que
a colheita não vingava. Tinha dias que eu não tinha o que comer. Eu tinha dois
irmãos que morreram de fome num dos piores tempos que tivemos. Eu tive mais um
irmão e uma irmã que morreram de doença. A gente não tem roupa boa para vestir,
então passamos muito frio. Tem dias que eu achava que ia morrer de frio, mas eu
sobrevivi. Eu estava na vila quando aconteceu o primeiro ataque dos lobisomens.
Eu estava na vila quando aconteceu o segundo ataque. Eu estava junto do grupo
que foi atrás dos lobisomens e sobrevivi. Eu sou conhecido como um dos homens
mais corajosos desta vila. Eu sou tão digno quanto você para ir atrás deles. Eu
sou tão digno quanto você para lutar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Renê, não é uma questão de ser digno. Você não está
preparado – Áquila disse em tom de descontentamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Como você pode dizer isso depois de tudo que eu falei da
minha vida, depois de tudo que eu passei – Renê disse com indignação. - Esta é
minha vila, este é meu lar. Eu não quero ver mais ninguém morrendo aqui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Minha resposta continua sendo não – disse Áquila com
intolerância. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foi então que a chuva começara a cair... e não havia mais parado
mais desde então. Áquila viu Renê olhá-lo com uma expressão indescritível, mas
não permaneceu para questioná-lo; o cavaleiro tirou sua espada do corpo sem
vida do lobisomem e partiu em direção às colinas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E foi isso que sucedera naquele dia antes de ele se
encontrar mais uma vez em companhia do camponês teimoso. Áquila caminhou na
direção dele e o levantou pelo colarinho. – Escuta aqui, eu não quero que você
venha comigo, entendeu? – Logo em seguida, Áquila jogou Renê no chão e apontou
a espada para o pescoço dele. – Você vai voltar para o vilarejo, porque eu não
me misturo com gente como você.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Renê olhou para a ponta da espada e não ousou dizer mais
nada. Porém não fez menção alguma de que voltaria. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então Áquila o levantou novamente e o empurrou na direção do
vilarejo, apontando em seguida a espada para ele. – Vá embora! – Áquila gritou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu salvei a sua vida! – Renê gritou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu não me importo – as palavras de Áquila soaram abafadas
pela chuva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Renê olhou novamente para a espada apontada para ele e
finalmente se virou na direção do vilarejo, caminhando de volta sem dizer mais
nenhuma palavra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Áquila se certificou de que o camponês já não estava mais à
vista para continuar em seu caminho. A chuva já não era mais tão forte no
começo da noite e ele conseguia discernir melhor os arredores. Em dado momento
ele chegou a uma área rochosa, de difícil acesso. Áquila procurou por algum
caminho, algum local que parecesse possível para uma criatura como um lobisomem
fazer de covil. Foi então que ele ouviu um barulho e rapidamente se escondeu
por trás das rochas. Ele podia sentir uma daquelas criaturas por perto e quando
seus instintos lhe disseram que era seguro, Áquila se atreveu a olhar. Ele viu
as costas de um lobisomem à distância, subindo por um local entre as rochas. O
cavaleiro continuou seguindo a criatura com o olhar e passou a segui-la ao que
achava ser uma distância segura. Foi então que o lobisomem sumiu de suas vistas,
porém, Áquila sabia que ele não estava longe. O cavaleiro olhou ao redor e
visualizou um paredão que ele poderia escalar e que segundo os seus cálculos, poderia
dar visão para o local por onde a besta passara e que talvez ainda estaria.
Cuidadosamente, para não fazer barulho, Áquila passou a escalar as rochas e
após um tempo se viu em uma área elevada que lhe dava uma boa visão geral da
área. Ele pôde ver um local não muito distante que servia de abrigo para os
lobisomens. Havia dois lá no momento, aparentemente descansando. Áquila sabia
que não poderia agir até saber quantos deles realmente existiam na região e
passou a aguardar pacientemente para ver se mais alguns deles apareciam. Foi
então que um terceiro lobisomem adentrou no local que servia de covil. Ele
trazia algo consigo, algo que era perturbadoramente parecido com um ser humano.
Áquila se segurou para não ir até o local, ele sabia muito bem o que uma
criatura daquelas pretendia fazer com o pobre homem. No entanto, o cavaleiro
reparou que o homem que o lobisomem trazia estaria provavelmente morto pelo
estado deplorável em que o corpo se encontrava; pela quantidade de golpes que
ele recebera, o corpo estava todo contorcido e deformado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O lobisomem levou sua vítima até o centro do covil e os
outros dois lobisomens que já estavam lá se levantaram para chegar mais perto.
Foi então que algo chamou a atenção de Áquila.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Renê!</i> Ele se
lembrou. Aquele ser com o corpo deformado pelo lobisomem se assemelhava muito
ao do jovem camponês... e aquelas roupas maltrapilhas... pareciam as mesmas que
Renê estava usando. Áquila segurou um grito antes que ele atravessasse sua
garganta, o cavaleiro acabara de ver os lobisomens segurarem as pernas e braços
do cadáver e puxarem até que os membros fossem arrancados. As bestas começaram
a devorar a carne do homem e por um momento deixaram a parte principal do corpo
de lado, provavelmente para comer logo depois. Foi então que Áquila teve uma
visão melhor do rosto do homem. Ele viu mais uma vez aqueles olhos o encararem
naquele dia, mas eles já estavam sem vida. Enquanto Áquila presenciava a cena
sem poder fazer nada, sua mente se concentrava em arquitetar um plano para
acabar de vez com todas aquelas criaturas malditas. E ele tinha certeza de que os
lobisomens pagariam caro...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">FIM<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Notas:</b> Eu sei que algumas pessoas gostam de lobisomens e eu
queria deixar claro que eu não tenho nada contra eles xD Eu apenas quis representá-los
desse jeito para o meu conto. É apenas uma das possíveis interpretações para
estes seres que tanto povoam o imaginário humano :) Eu tive a ideia para este
conto com uma cena que presenciei na rua. Qualquer outra pessoa poderia achar
que era um acontecimento mundano, mas eu já imaginei uma história xD Era um dia
de muita chuva e eu vi um jovem homem com uma aparência realmente distinta: ele
era alto, possuía um corpo bem balanceado e feições muito bem feitas, parecia
um daqueles modelos ou atores que vemos em filmes de heróis. Ele estava com um
terno preto muito bonito. O que chamava mais ainda a atenção era o jeito que
ele andava a passos muito largos e com passadas fortes, seu rosto expressava
raiva e ele parecia não se importar com o seu terno tão bonito se molhando
daquele jeito na forte chuva. Logo em seguida eu vi um rapaz que era um
contraste àquele primeiro homem. Ele era pequeno e magro e estava com um
moletom de capuz. O rapaz estava com os braços cruzados à frente do peito e
encolhido por andar no frio e na chuva. Foi então que eu tive a ideia para a
história. Por favor, peço que digam o que acharam. Isso é muito importante para
saber se estou no caminho certo ou não. Para voltar ao meu site: <o:p></o:p>claudiapublicidade.wix.com/claudiaminaescritora</span></div>
Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-16250204404758624292013-10-06T22:35:00.001-07:002014-07-02T18:50:05.190-07:00Meu site!<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><span style="line-height: 18px;">Deu trabalho, mas finalmente criei o meu site! É nele onde estão as informações mais completas sobre a minha carreira como escritora, meus projetos, meus contos e meus contatos:</span></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><span style="line-height: 18px;"><br /></span><span style="line-height: 18px;"><br /></span><span style="line-height: 18px;"><b>Claudia Mina - Escritora</b></span></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><a href="http://claudiapublicidade.wix.com/claudiaminaescritora">http://claudiapublicidade.wix.com/claudiaminaescritora</a></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><br /><br /><b>Aproveito também para divulgar minha página no Facebook:</b></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">https://www.facebook.com/claudiaminaescritora</span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><b>Meu perfil pessoal no Facebook:</b></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><a href="https://www.facebook.com/claudia.nikolaevamiyamoto">https://www.facebook.com/claudia.nikolaevamiyamoto</a></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><br /><b>Meu Twitter:</b></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><a href="https://twitter.com/ClaudiaMin4">https://twitter.com/ClaudiaMin4</a></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><br /><b>E meu perfil no AnimeSpirit:</b></span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">http://animespirit.net.br/claudia_mina</span></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Desculpem-me, eu fiquei aqui tentando inserir os links neste blog e não deu certo =\</span></span></span>Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1223703488476567496.post-62071968376506722122013-10-04T00:06:00.001-07:002014-07-02T18:49:21.023-07:00Meu Primeiro Conto Publicado - Especial (conto número 5)<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Sinopse:</b> Um perito criminal que em certa noite encontra uma linda e misteriosa mulher...<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Notas:</b> Este seria o meu conto número 5 (eu identifico as minhas ideias para diferentes contos por números, pela ordem em que as ideias vão surgindo), mas será o primeiro a ser publicado por ser o primeiro a ter sido finalizado xD Meus outros contos ainda estão em processo de serem escritos ou revisados. Confesso que estou muito nervosa com a reação das pessoas e peço que considerem que este é apenas um começo. É uma experiência, um treinamento para que eu possa aprimorar minhas histórias com o tempo. Gostaria muito que me dessem uma opinião a respeito do texto e me perdoem por algum eventual erro de gramática. Apesar de eu ter feito uma revisão, sempre há possibilidade de algum erro ter escapado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Especial<o:p></o:p></b></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b><br /></b></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Por Claudia Mina<o:p></o:p></b></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b><br /></b></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Eu ficara até o escurecer analisando as pistas; solucionar os mistérios de crimes fazia parte da minha rotina, mas por algum motivo, aquele caso me intrigava mais que os outros. De repente, algo surgiu em minha mente como um estalo luminoso.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- O assassino pode ser uma mulher!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Aquela era uma ideia realmente intrigante. Não era incomum que mulheres cometessem crimes, mas assassinatos em série... aquilo era realmente raro. No entanto, aquela hipótese poderia explicar uma sutil diferença de estilo, uma certa “elegância” ao matar, por não achar um termo melhor. No local dos crimes não havia nenhum sinal de violência; as vítimas não pareciam ter reagido. Porém, havia um padrão, as vítimas eram sempre homens entre 25 e 35 anos, solteiros, entre 1,78 e 1,83, de 70 a 80 quilos, cabelos curtos, castanho claro. Ri com bom humor após me relembrar das características.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Poderia ser eu!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Bom, já era hora de ir embora. Eu sabia quando chegava o momento em que eu não conseguiria mais estudar o caso com clareza e eu precisaria descansar. Guardei minhas coisas e meus óculos, peguei minha mochila e fui embora para casa. No meio do caminho, porém, deparei-me com um bar. Fazia algum tempo que não frequentava aqueles locais, que faziam parte de uma vida de universitário que não existia mais. Não sei por que, resolvi entrar e me sentar ao balcão.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Antes que eu pudesse fazer meu pedido, percebi que uma jovem se aproximava de mim e por alguns instantes, esqueci completamente quem eu era e onde eu estava. Cabelos negros lisos, olhar penetrante e vestido vermelho, era a mulher mais linda que eu havia visto na vida. Meu coração disparou quando ela sorriu para mim e sentou-se ao meu lado. Minhas mãos tremiam e eu me sentia como um tímido adolescente outra vez. Olhei para ela novamente e ela sorriu de novo, não sei como, mas consegui puxar conversa. Meu nervosismo de antes foi aos poucos indo embora e eu já conversava com ela com naturalidade, como se nos conhecêssemos há muito tempo. Pensava comigo mesmo que sempre vivi minha vida despreocupado, divertindo-me sem fazer planos e nunca me preocupara muito com relacionamentos sérios. Naquele momento, porém, lembrei de que se um dia eu achasse alguém especial, não haveria outras mulheres para mim, aquela seria a mulher da minha vida.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">No final da noite ela se despediu de mim com um sorriso, aquele sorriso lindo, aquele sorriso meigo e divertido, deixou o número de telefone e disse para eu ligar.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Com um pouco de nervosismo liguei para ela... para então descobrir que aquele número não existia. Fiquei intrigado, não acreditei que a moça havia passado o número errado se ela parecia querer me ver novamente. Então, decidi que eu iria achá-la de qualquer jeito. Resolvi procurá-la da mesma maneira que fazia quando investigava um crime, não deveria ser tão difícil encontrá-la... Contudo, surpreendi-me após uma semana de que eu não fazia a menor ideia de onde ela poderia estar.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Na noite de quarta-feira, sai do meu trabalho chateado, não havia descoberto o paradeiro da minha adorada, nem do assassino em série. Quarta-feira era o dia em que o assassino agia; na manhã seguinte eu teria notícia de mais um corpo encontrado, porém, confesso que o que mais me afligia era não poder ver aquela jovem que eu havia encontrado no bar.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">As ruas estavam desertas, pois já eram altas horas da noite. Não havia ninguém por perto quando comecei a atravessar a ponte que se arqueava sobre o rio mais famoso da cidade. Quando estava quase chegando ao outro lado, comecei a ouvir passos ecoando pela noite silenciosa. Pelo som, parecia ser um par de um calçado de salto alto me seguindo. Virei-me para trás intrigado e qual não foi minha surpresa quando vi quem eu procurara todos esses dias do outro lado da ponte. Meu coração se acelerou, ela estava então com um vestido preto e um sorriso no rosto.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Tenho uma surpresa para você – ela disse.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Deixei que ela se aproximasse de mim e quando ela chegou bem perto, vi que ela escondia algo que segurava com suas mãos por trás de suas costas. Em um movimento rápido, ela trouxe o que segurava à frente do seu corpo e me mostrou o que tanto escondia.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Para você – ela disse.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Eu tomei o buquê de flores em minhas mãos e comecei a rir.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Não gostou do presente? – ela perguntou com bom humor.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Eu gostei do presente – pausei um pouco para tomar fôlego – é que eu nunca havia recebido flores de uma mulher.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Você gostou?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Claro que gostei – eu disse com bom humor.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Eu tenho algo pra mostrar para você, você gostaria de ver?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Claro que sim!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Não está aqui, está no meu apartamento. Quer vir comigo?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">É claro que aceitei—aquele não era o tipo de convite para se recusar. Após caminhar por alguns minutos pelas ruas escuras, chegamos a um prédio antigo. Subimos as escadas até o terceiro andar e quando ela abriu a porta, meus olhos se surpreenderam com a cena.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Era isso que eu queria mostrar – ela disse.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Entrei na sala e ela fechou a porta.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Todas as paredes do apartamento estavam cobertas por desenhos, todos lindos e perfeitos. Havia pessoas de todas as idades em cenas do cotidiano, andando na praça, fazendo compras, jogando, brincando, trabalhando. Nunca antes eu havia visto traços de tanta perfeição, era como se as pessoas pudessem sair dos quadros vivas. Andando um pouco mais pelo apartamento, surpreendi-me ao me ver. Lá estava eu em grafite sentado ao bar.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Mas como...?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Pelo jeito que as pessoas eram desenhadas com tantos detalhes, parecia que elas haviam posado para os quadros, mas eu tinha certeza de que não vi a jovem tirar nenhuma foto minha ou pegar algum caderno de desenho para esboçar meus traços.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Eu tenho memória fotográfica – ela explicou. – Só vejo uma pessoa por alguns instantes e lembro de tudo. Lembro de todas as feições, das roupas, de tudo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- É realmente um talento especial – eu disse com admiração.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Eu passei a noite com ela e ao amanhecer eu tive certeza de que aquela era a mulher da minha vida, aquela era a mulher mais maravilhosa do mundo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Quando cheguei ao meu trabalho, surpreendi-me ao tomar conhecimento de que nenhum corpo fora encontrado até então. E nenhum corpo fora encontrado naquela semana. Aquilo me deixara intrigado, o assassino estaria tentando dar um tempo, despistar as investigações?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Continuei estudando o caso naquela semana, sem encontrar nada que me ajudasse a solucioná-lo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Era uma quarta-feira quando saí do meu trabalho e fui me encontrar com a minha jovem adorada. No dia anterior ela dissera que tinha algo para me dizer num lugar especial. Fui caminhando ao local que ela indicara e percebi que estava debaixo da ponte, ao lado do rio. Realmente não parecia um lugar muito bonito, mas resolvi deixar aquele pensamento de lado, se ela queria se encontrar comigo lá... Vi alguns navios passando ao longe e as luzes da cidade enquanto esperava. Eu não sabia o que, mas havia algo que me intrigava naquele local... Foi quando ela apareceu de batom vermelho, vestindo um sobretudo escuro. Num momento repentino, uma constatação se revelou como um flash de luz na minha mente. Aquele era o local onde o primeiro corpo havia sido encontrado. Aquele era o local do primeiro assassinato.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Não havia um sorriso no rosto da jovem quando ela falou comigo num tom sério.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">- Por todo esse tempo eu procurei por alguém especial e finalmente eu encontrei – ela disse emocionada.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Assustado enquanto ela se aproximava de mim, agradeci em silêncio por sempre carregar a minha arma comigo... Porém, não precisei usá-la.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>FIM<o:p></o:p></b></span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b><br /></b></span></span></span></div>
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></span></span><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: #666666; color: white; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white;"><span style="background-color: white;"><span style="color: black;"><span style="font-size: small;"><b>Notas:</b> Neste conto, o personagem principal é um homem que se dá conta de que por toda a vida esteve à procura de alguém especial. O ponto que eu queria retratar era se uma suposta assassina, que comete crimes friamente, no fundo também não estaria em busca de alguém especial xD Como puderam perceber, é um texto mais “light”, procurei escrever de uma maneira mais descontraída, sem toda a tensão que uma história sobre um assunto poderia ter. Posso dizer que este é um texto relativamente bem-humorado. Por favor, peço para que deixem seus comentários. Muito obrigada por terem lido. </span></span></span><span></span></span></span></div>
</div>
Claudia Mina - Escritorahttp://www.blogger.com/profile/07572130161415161218noreply@blogger.com9